quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Interlagos não possui sistema coleta e tratamento de esgoto!


Prefeitura investe R$ 60 mi para a F1, mas Interlagos segue sem esgoto

Dejetos dos banheiros vão para fossas sépticas e caminhões que fazem a limpeza espalham o mau cheiro pelas ruas do entorno

Diego Zanchetta e Livio Oricchio, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Os R$ 60 milhões que a Prefeitura de São Paulo investiu nos últimos cinco anos para modernizar o Autódromo de Interlagos não resolveram um problema histórico: o espaço que vai receber cerca de 150 mil pessoas até o próximo domingo não tem rede de esgoto.

Os dejetos dos banheiros do autódromo vão para fossas sépticas, um sistema de coleta de esgoto rudimentar, usado hoje apenas em pequenas propriedades da zona rural. Ontem, duas das quatro fossas instaladas atrás dos boxes estavam transbordando, como flagrou a reportagem do Estado. O problema causava um odor insuportável de esgoto ao ar livre para funcionários das equipes que circulavam pela área do paddock e dos boxes. A direção do autódromo informou que o excesso de esgoto seria retirado apenas hoje pela manhã, com a chegada de caminhões.

Mas o transporte de toneladas de dejetos por dois quilômetros, até uma estação de esgoto da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), é motivo de outro problema. As dezenas de caminhões que precisam entrar todos os dias no circuito para fazer a dragagem do volume acumulado nas fossas também ajudam a congestionar e espalhar mau cheiro nas ruas do entorno.

A instalação de uma estação de tratamento de esgoto em Interlagos já deveria estar pronta. A obra está prevista no Plano Diretor de 2002, que expira no próximo ano. A obrigação visava justamente a evitar o tráfego de caminhões carregados com esgoto nas imediações do bairro e os consequentes riscos para a saúde pública que isso pode causar. Outro risco do uso das fossas é a contaminação do lençol freático que passa por baixo do autódromo, localizado entre duas das mais importantes áreas de mananciais da capital, as Represas Billings e do Guarapiranga.

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) chegou a prometer uma solução para o problema em dezembro, mas a obra de saneamento não foi incluída no pacote de R$ 11 milhões que o governo municipal investiu para garantir a Fórmula 1 em São Paulo até 2014, como a construção de nova arquibancada. “Nenhum empreendimento do porte de Interlagos conseguiria licença no Brasil ou em qualquer lugar do mundo se não tivesse uma estação de tratamento de esgoto. Isso mostra a distância entre a intenção de se querer fazer um evento internacional de ponta e a realidade do saneamento básico no Brasil”, aponta Mario Mantovani, coordenador da ONG SOS Mata Atlântica.

Vazamentos. Quem mora nas casas vizinhas do autódromo reclama do cheiro insuportável causado pela circulação de caminhões com tanques carregados de esgoto, muitos com vazamentos. “O pior é sempre quando tem Fórmula 1. Não para de passar caminhão cheio de esgoto aqui na frente”, relata o eletricista Mauro Antonio de Souza, de 41 anos, morador há duas décadas na Rua Manuel de Teffé.

Além de receber todos os anos a Fórmula 1, o Autódromo de Interlagos funciona como área de lazer todos os dias - a área de 1 milhão de metros quadrados também tem uma quadra de futebol e duas poliesportivas.

“O mau cheiro aqui é um problema de mais de 30 anos, dentro e fora do autódromo”, lamenta Paulo José Rodrigues, de 56 anos, gerente do Hotel Pit Stop, que funciona ao lado do autódromo.

Fonte: Estadão (aqui)

Bom exemplo de coleta de esgoto...

MEUS COMENTÁRIOS:

Tem coisas que ao ler, a gente pára, pensa, reflete e ainda se questiona: Será possível? SIM, é possível.

Há coisas ainda no Brasil que não podemos nos convencer de que é realidade.

Como que um empreendimento do porte e destaque internacional como é o Autódromo de Interlagos pode ser construído e não possuir um sistema de coleta e tratamento de esgoto? Como que tantos prefeitos que se gabam serem profissionais e visionários (Serra, Kassab, Maluf, Marta etc) podem deixar uma necessidade desta não atendida?

Se nem as obras que são montadas para ser vitrines do Brasil desenvolvido para o estrangeiro podem ter buracos como esse, imagine as obras que são constuídas nos cafundós deste Brasil para população carente podem possuir?

Belo exemplo de sustentabilidade e urbanismo que São Paulo dá ao mundo!

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