quarta-feira, 28 de junho de 2017

A ciência no Brasil é bancada pelos pais


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Bolsas dos estudantes de mestrado e doutorado pagam menos do que o mínimo necessário para que eles se mantenham — a solução é pedir ajuda à família ou fazer bicos para quitar as contas

O torcedor da Portuguesa que acompanhou as temporadas de 2013 e 2014 não deve saber, mas muito provavelmente comprou seu ingresso no estádio do Canindé com um doutorando em Educação. É que, trabalhando como atendente na bilheteria do estádio nos jogos do clube, o sociólogo Eduardo Carvalho, 31 anos, conseguia um dinheiro extra para não ficar no vermelho. Na época, ele recebia apenas uma bolsa deR$ 2,2 mil mensais para trabalhar em um projeto de pesquisa sob orientação de um professor na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). O auxílio era pago pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a instituição que mais distribui bolsas para mestrandos e doutorandos no país.

A tese de Carvalho, que será defendida ainda neste ano na Faculdade de Educação da USP, é sobre o retorno da Sociologia como disciplina no currículo do Ensino Médio. “Sempre tive que conciliar a pós-graduação com outro tipo de trabalho. Não tem como a gente se dedicar integralmente à pesquisa com o valor da bolsa. O custo de vida em São Paulo é muito alto.” Carvalho fez a graduação e o mestrado em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Londrina, Paraná. Mudou-se para a capital paulista após passar no concurso para professor do Estado, função que exerceu entre 2007 e 2013 na cidade de Ilhabela, no litoral norte. Para voltar à academia e começar o doutorado na capital, pediu demissão.

Nesse período em que abriu mão do emprego (e de qualquer estabilidade) para se dedicar à pesquisa, ele trabalhou como tutor a distância e também foi monitor de alunos da graduação para conseguir um dinheiro extra. “Eu queria continuar me dedicando exclusivamente à pesquisa, mas queria ter também uma vida confortável. Pô, tenho uma filha pequena, né?."

As duas agências federais de fomento à pesquisa, Capes e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), consideram as bolsas de pós-graduação um auxílio, não um salário. É possível ter outra fonte de remuneração, desde que sejam respeitadas algumas regras: o emprego tem que ser na área de pesquisa do aluno, o vínculo tem que ter surgido após a matrícula na pós, a remuneração não pode ser superior ao valor da bolsa e o professor orientador precisa autorizar o trabalho (veja abaixo).

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Menos que o mínimo

Existem hoje no Brasil pouco mais de cem mil bolsistas do CNPq e da Capes de mestrado e doutorado que recebem, respectivamente, R$ 1,5 mil e R$ 2,2 mil por mês. Há ainda as bolsas de fomento à pesquisa financiadas pelas agências estaduais, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que paga uma bolsa mensal que varia entre R$1.889,40 e R$3.446,40 para 7.601 mestrandos e doutorandos. O valor mal dá para pagar o aluguel de um apartamento nas maiores cidades brasileiras, mas nem sempre foi assim. 

Em janeiro de 1995, a bolsa de mestrado era de exatamente R$ 724,52. Se tivesse sido reajustada de acordo com a inflação, estaria em R$ 3.276,74 nos valores de hoje — mas ela paga só R$ 1,5 mil. O cálculo foi feito pelo economista André Coutinho Augustin, que foi bolsista do CNPq no mestrado em Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O levantamento, publicado no começo de junho no blog Enquanto se Luta se Samba Também, mostra que, neste ano, as bolsas de pós-graduação atingiram o menor valor em 20 anos.Até o começo dos anos 2000, segundo Augustin, um corte geral nos gastos da educação não permitiu reajustes. “Só depois de 2004 é que começaram a fazer algumas atualizações nos valores. Mas a prioridade era o número de vagas na universidade. Até 2013 as bolsas foram corrigidas só pela inflação, sem ganho real; em 2014 veio o ajuste fiscal e aí não houve mais correção nenhuma”, explica. Augustin comparou também o valor das bolsas com o salário mínimo necessário, uma estimativa que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) faz mensalmente para saber qual seria o salário ideal para uma família se sustentar. O levantamento mostrou que, entre 1995 e 1996, a bolsa de mestrado tinha um valor muito próximo do mínimo necessário. Hoje, ela equivale a menos da metade do mínimo.

Por isso mesmo, para se manter como bolsista, especialmente nas grandes cidades, é preciso algum tipo de apoio da família. Thais Kuperman, 28 anos, é formada em Jornalismo e está concluindo o mestrado em Letras na USP sobre o romance Herzog, de Saul Bellow, com uma bolsa da Fapesp. Antes de conseguir o auxílio financeiro, Kuperman estava trabalhando na organização de uma exposição de arte para se manter. Depois, conseguiu se virar só com a bolsa. “É muito apertado e é um tipo de trabalho (o mestrado) que demanda muita dedicação. Às vezes é difícil ter cabeça para fazer outras coisas por causa do envolvimento. Existem períodos bem tensos por causa dos prazos, algumas pessoas têm uma relação bem complicada com o orientador. Sem o suporte da família é muito difícil.”


Bolsa da depressão
Capes quer que juntas médicas avaliem alunos que abandonam curso por motivos de saúde

Um ofício emitido pela Capes no fim de maio causou polêmica entre professores e alunos. O documento informava que todos os casos de desistência de curso por motivo de doença deveriam ser submetidos a uma junta médica — mas há quem afirme que a desistência possa estar ligada à depressão causada pela própria bolsa.

A orientação é para que o aluno seja avaliado pelo grupo de médicos antes de o pedido de desistência ser encaminhado à Capes. A decisão foi motivada, segundo a agência, pela “crescente quantidade de casos de não conclusão de curso por motivos de saúde”.

Minha casa, minha vida

Kuperman estava morando com uma amiga antes de saber se conseguiria ou não a bolsa. Até que sua situação se definisse, achou mais prudente voltar para a casa dos pais. Quando finalmente recebeu o resultado, foi morar com o namorado em um apartamento cedido pela avó. “Não dá para esbanjar muito, não dá para sair o tempo inteiro. É apertado, mas sem pagar aluguel dá para viver.”

Ter seu próprio canto é fundamental para pós-graduandos, mas é difícil bancar o aluguel só com a bolsa. Doutoranda em Nutrigenética na USP, Marina Norde, 26, encontrou um refúgio a 95 km de São Paulo, em Campinas, na casa dos pais. Três vezes na semana ela vai para São Paulo cumprir as atividades da pesquisa que realiza com bolsa da Capes. Na capital, dorme na mesma república em que morou durante a graduação, ao custo de R$ 30 por noite.

No mestrado, quando não tinha atividades no laboratório, Norde se mudava para a biblioteca da universidade para conseguir trabalhar com tranquilidade, já que dividia o apartamento com outras três amigas e compartilhava o quarto com uma delas. “Quando você tem o próprio ambiente, é você quem dita o volume ali. Quando divide a casa e o quarto, não pode exigir que a outra pessoa não faça barulho, não converse.”

O sociólogo Eduardo Carvalho acha que morar em república tem prazo de validade na vida de qualquer pesquisador. A maior parte do seu esforço para conseguir um dinheiro extra vendendo ingressos para jogos de futebol se deve ao fato de ele ter tido como prioridade viver na própria casa durante o doutorado. “Nos primeiros meses, aluguei um quarto na casa de umas amigas. Mas depois decidi morar sozinho porque vivi em república por dez anos da minha vida. Já estava de saco cheio.”

“É apertado, mas sem pagar aluguel dá para viver”, diz Kuperman, que faz mestrado em Letras na USP e precisou voltar para a casa dos pais antes de se mudar para  apartamento da avó.

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E o salário, ó
Desde 2010, emprego remunerado é permitido, mas com restrições

> A Capes e o CNPq começaram a autorizar trabalhos remunerados, desde que sejam na área de pesquisa do estudante e com a permissão do orientador

> Caso o aluno consiga um emprego na área, a remuneração não pode ser maior que o valor da bolsa

> Não há desconto de Imposto de Renda nem de INSS sobre a bolsa; se o estudante quiser contribuir com a Previdência, terá de fazê-lo como autônomo

> Apesar de a bolsa não ser considerada um salário, se o bolsista tiver que pagar pensão alimentícia, por exemplo, terá o valor descontado mensalmente

“Paitrocínio” é para quem pode

Daniel Martins, 26 anos, que foi bolsista da Capes durante o mestrado em Relações Internacionais na Fundação San Tiago Dantas, em São Paulo, onde estudou acordos preferenciais de comércio, chegou a procurar trabalho em restaurantes, mas, sem ter experiência no ramo, nunca conseguiu nada. Quando precisava, recorria aos pais, que entendiam as dificuldades da carreira acadêmica.

“Nunca deixei de assistir a uma aula nem de entregar um artigo para fazer trabalhos por fora”, conta. Quando concluiu o mestrado, Martins começou a trabalhar em um site focado em Relações Internacionais, e não tem planos de voltar para a vida acadêmica tão cedo. Ele diz que está cansado “da vida de estudante” e não quer, pelo menos por enquanto, começar um doutorado. “As pessoas costumam achar que a gente é vagabundo. É preciso bom humor e energia para ter uma produtividade alta com essas adversidades.”

Quem não pode contar com o “paitrocínio” e não quer fazer bicos de garçom (ou de vendedor de ingressos para jogos de futebol) sempre pode tentar encontrar uma segunda fonte de renda que se encaixe nos critérios estabelecidos pelas bolsas. Mas, às vezes, nem isso dá certo. Fernanda Cervenka, 36 anos, formada em Terapia Ocupacional, começou o mestrado em Tecnologia Assistiva no programa de Ciências da Reabilitação da Faculdade de Medicina da USP em outubro de 2015 e passou a receber a bolsa da Capes. Em abril deste ano, foi contratada por uma residência inclusiva da Prefeitura de São Paulo para pessoas com deficiência. Assim que conseguiu o emprego, a orientanda avisou a orientadora — que, por sua vez, comunicou à Capes. A agência de fomento pediu mais explicações à bolsista sobre o trabalho, como carga horária, o turno em que as funções eram realizadas e o salário que recebia.

Depois de um mês, Cervenka recebeu um documento informando que o pedido de acúmulo havia sido negado. Ela solicitou à Capes que informasse os motivos do indeferimento, mas até hoje não recebeu da agência detalhes sobre o porquê de o pedido não ter sido autorizado. Cervenka se viu obrigada a abrir mão da bolsa. Apesar disso, continua trabalhando na pesquisa vinculada ao programa de pós-graduação.

“Tenho um ano e meio de investimento nesse projeto. Antes de começar a receber a bolsa, trabalhei por meses de forma voluntária. Falta pouco mais de um ano para eu terminar o mestrado e estou muito envolvida. Não vou parar agora”, diz. Segundo Cervenka, o trabalho na residência é flexível, não exige que as tarefas sejam feitas sempre nos mesmos dias da semana nem exige cumprimento de horários. “Eu poderia facilmente conciliar meu trabalho com a bolsa, tanto que continuo fazendo as duas coisas, só que sem receber pela Capes”, conta.


Procuram-se pesquisadores

A baixa remuneração das bolsas é um problema também para os professores, segundo a orientadora de Cervenka, Selma Lancman. “Às vezes até sobram bolsas, porque nem sempre há alunos que aguentam viver só com o valor que pagam. A pós-graduação é um trabalho ou não é? Se é um trabalho, quanto vale a remuneração por esse trabalho?”, questiona.

Para Lancman, não é possível dizer que uma pessoa que não tenha ajuda financeira dos pais não consiga viver com a bolsa. “O que acaba acontecendo é que os jovens que pensam numa carreira universitária demoram um pouco mais para sair de casa. Eles conseguem assumir mais tardiamente a sua autonomia financeira.”

Se precisar ajudar nas contas de casa, segundo Lancman, o estudante nem procura a carreira acadêmica. “Em qualquer escolha, ele vai ter que fazer alguma coisa que dê retorno imediato. E a carreira universitária demanda muito tempo para ter um retorno razoável”, afirma.

Pior ainda, só quando esse retorno não vem. Eduardo Carvalho, o sociólogo que fazia bicos na bilheteria do estádio da Portuguesa, também trabalha eventualmente como garçom para complementar a renda. Faz serviços esporádicos em restaurantes da zona norte de São Paulo durante o doutorado. “É uma segunda ocupação minha, quase a primeira”, diz. “A gente tem que correr atrás. A condição de pesquisador é precária, ainda mais com a crise que vive o Brasil. Na maior parte do tempo, consegui dinheiro extra como monitor. Mas quando não dava, precisava fazer outra coisa.” Com o término da bolsa, prestes a finalizar o doutorado, Carvalho está na mesma situação que a maioria dos pós-graduandos do país, segundo ele próprio: desempregado.

Ciência com fronteiras

Ação do governo prioriza alunos da graduação — bolsas de doutorado são apenas 3.327 das 14.437 em vigência

O programa federal criado em 2011 já levou para fora do Brasil 92.880 pessoas. A bonança, porém, está acabando. Por causa da crise econômica, o programa sofreu uma grande redução no orçamento, o que impactou diretamente na quantidade de bolsas. No caso do CNPq, por exemplo, em 2015 foram 831 bolsas; neste ano, 12 — uma redução de 98,5%.

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, bolsistas da Capes enfrentaram problemas, em junho, para renovar as bolsas de doutorado em universidades da Europa. Os estudantes tiveram o benefício interrompido após parecer negativo da agência.

Fonte: Revista Galileu (aqui)

domingo, 25 de junho de 2017

Governo adia plano de construir usinas hidrelétricas no Rio Negro


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O plano de erguer usinas hidrelétricas no Alto Rio Negro, em uma das regiões mais remotas e preservadas da Amazônia, foi adiado pelo governo. No início deste mês, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pelo planejamento do setor elétrico, pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que cancele autorizações para novos estudos sobre a viabilidade de erguer barragens ao longo do Rio Negro, afluente do Rio Amazonas.

Por trás da decisão está a grande complexidade do licenciamento ambiental – pelo menos 50% de toda a região banhada pelo Rio Negro é formada por florestas protegidas e terras indígenas.

Levantamentos já realizados pela Eletrobrás indicam potencial de geração de mais de 4,1 mil megawatts de energia na região, mas a EPE decidiu dar um passo atrás nos estudos, antes de propor qualquer novo empreendimento.

Em vez de renovar seu registro para a elaboração dos “estudos de inventário hidrelétrico da bacia do Rio Negro” e seguir adiante com a expectativa de licenciar hidrelétricas, o órgão, ligado ao Ministério de Minas e Energia, optou por fazer um “pré-inventário” da bacia.

“A nossa previsão é de que o pré-inventário esteja concluído até o final do primeiro semestre de 2019”, declarou a EPE, por meio de nota. “Em um momento oportuno, a EPE poderá solicitar um novo registro para iniciar a elaboração dos Estudos de Inventário Hidrelétrico abrangendo as áreas selecionadas nos estudos.”

Os estudos da Eletrobrás davam conta de que haveria potencial de instalação de barragens abaixo do município de São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas. Os dados cartográficos também apontam potencial para hidrelétricas na região da chamada Cabeça do Cachorro, na fronteira da Amazônia brasileira com a Colômbia.

Questionada sobre o assunto, a EPE declarou que, até o momento, o único levantamento realizado na bacia do Rio Negro foi o diagnóstico socioambiental, “que revelou a existência de alta complexidade biológica e sociocultural, além de diversos conflitos na bacia”. Além disso, a EPE fez estudos cartográficos na região. O pré-inventário não incluirá levantamentos de campo, mas imagens de satélite.

“Como as fases do estudo que envolvem a identificação de locais barráveis e os estudos de alternativas de divisão de queda, que apontam o potencial de instalação de barragens no Rio Negro e nos seus principais afluentes, não foram iniciados, ainda não é possível afirmar os locais dos aproveitamentos”, informou a instituição.

Dificuldades. A ideia de erguer barragens no Rio Negro, que não tem nenhuma usina, vem dos anos 1990, mas desde 2011 passou a ser analisada pela EPE, que encontrou sucessivas dificuldades para realizar seus estudos de campo em terras indígenas.

O Rio Negro tem extensão aproximada de 1.260 quilômetros dentro do território nacional. Em sua totalidade, drena uma área de cerca de 280 mil quilômetros quadrados e ocupa 20% do território estadual do Amazonas.

O setor elétrico coleciona polêmicas históricas na construção de barragens na Amazônia, por causa das extensas áreas planas da região, o que não favorece quedas d’água.

A hidrelétrica de Balbina, construída nos anos 1980 pelo governo militar, inundou 2.360 quilômetros quadrados de mata nativa do Estados do Amazonas, uma área equivalente à das cidades de São Paulo e Campinas juntas, para gerar apenas 250 megawatts (MW), energia suficiente para atender apenas 370 mil pessoas.

Sua área alagada é equivalente a mais de cinco vezes a área total do reservatório de Belo Monte (516 quilômetros quadrados), que tem potência de 11.233 MW.

A hidrelétrica de Samuel, construída pelos militares em Rondônia, também está entre os maiores escândalos do setor. Foi necessário inundar 656 quilômetros quadrados de mata para gerar ínfimos 216 MW.

Fonte: Secretaria de Energia e Mineração de SP (aqui)

Como desenvolver a cultura de cidades inteligentes e o crescimento urbano sustentável


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O conceito de Smart Cities está atrelado à necessidade de projetos urbanos para promover a sustentabilidade nas cidades. Ao desenvolver uma cultura de cidades inteligentes, encontramos oportunidades de influenciar e discutir a importância de fortalecer uma ocupação ordenada, a sustentabilidade e a contribuição com soluções inteligentes e criativas para questões mais relevantes nos seus territórios, considerando a integração com o meio ambiente e seu entorno para tornar a vida das pessoas mais prazerosa.

Sérgio Myssior, arquiteto especialista em meio ambiente e urbanismo, sócio da Myr Projetos Sustentáveis e comentarista do programa “a BH que queremos” na rádio CBN/BH estará presente e afirma que é preciso pensar de forma integrada: “os municípios estão diante de um enorme desafio: reverter as desigualdades, repensar as cidades, incrementar os instrumentos de planejamento, gestão e participação, reduzir os déficits de infraestrutura, instituir ações de curto, médio e longo prazos para resgatar a qualidade de vida nas cidades. O país precisa repensar as suas cidades e incorporar rapidamente as melhores práticas no planejamento e gestão urbana, com transparência e participação”, afirma Sergio.

As cidades, de acordo com o arquiteto, têm inúmeras responsabilidades e desafios, sem, contudo, dispor dos recursos necessários, já que o orçamento e a estrutura municipal não são suficientes para lidar com questões de sustentabilidade, mobilidade, habitação, segurança, dentre outros. “Sabemos que o ordenamento territorial acaba influenciando o custo da prestação dos serviços públicos e criando barreiras para o acesso aos menos favorecidos. Portanto, o maior desafio é conseguir instituir um pacto pela melhoria da qualidade de vida urbana, reunindo todos os setores da sociedade. Construindo um plano de desenvolvimento sustentável para a cidade (e não um plano de governo), com ações de curtíssimo prazo, médio e longos prazos. Instituir uma visão holística e integrada de todos os pontos, afinal todos os aspectos se inter-relacionam, especialmente quando refletidos no tecido urbano”, afirma Sergio.

A importância de se discutir o planejamento das cidades para o desenvolvimento de cidades mais humanas e inteligentes vem ao encontro de que o modelo de crescimento e desenvolvimento das cidades parece ter se esgotado, pois as dificuldades são cada vez maiores e já ultrapassam os limites do município, merecendo uma abordagem regional e metropolitana. “As questões relacionadas com a sustentabilidade, mudanças climáticas e mais recentemente os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, indicam a necessidade de se repensar as cidades, notadamente em relação ao modelo de desenvolvimento, oferecendo uma clara mudança nos parâmetros até então adotados. Por isso é necessário se discutir o planejamento das cidades, pois estamos diante da necessidade de mudanças neste paradigma e também de deficiências crescentes, bem como da demanda por gestões participativas e inclusivas”, destaca Sérgio.

Fonte: Adaptado de Estratégia ODS (Aqui) / Imagem (aqui)

Pegada Ambiental do Brasil e do Mundo.




O presente quadro foi extraído do livro Living in the environment: concepts, connections and solutions, de 2009, de MILLER, G. T.

Ele apresenta a pegada ambiental média dos cidadãos daquele país e a sua capacidade natural existente. Assim, o quadro apresenta como seria o saldo ambiental do planeta.

Na primeira linha, é apresentada o saldo médio do mundo, onde cada cidadão possui uma pegada ecológica de 2,2 ha por pessoa, sendo que a capacidade existente no mundo é de 1,8 ha/pessoa. Assim, o mundo fica devendo todos os anos 0,4 de saldo, ou seja, como mundo, somos insustentáveis!

Isso, claro, lembrando que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo não possuem o mínimo para sobreviver estando em terríveis níveis de inanição e miséria. São pessoas flageladas que instituições como ONU, Médicos Sem Fronteira entre outros tentam amenizar.

Do quadro, apenas o Brasil e o Canadá são positivos no saldo. Mas reparem que o ponto de partida da pegada de nossa posição é muito inferior ao do Canadá. Temos demanda de 2,1 ha/pessoa, enquanto o Canadá é 7,6 ha/pessoa.

Assim, não dá para pensar na premissa do crescimento incessante porque o mundo não aguenta e o nível que esses países alcançaram não dá para ser globalizado. Estados Unidos possuem 9,8 ha/pessoa.

Há pessoas que podem pensar que a tecnologia pode melhorar esse processo diminuindo nossa demanda, mas daí vem os dados da Alemanha que tem investido pesado em economia verde e possui uma pegada ecológica de 4,5 ha/pessoa, pouco mais que o Japão que não mostra essa louca busca e mais que o dobro da média mundial.

Ou seja, a prática atual não é sustentável e não estamos de fato buscando outra proposta. Há muito mais a ser pensado se quisermos de fato melhorar. E vejo que o que se busca hoje é o aperto dos países emergentes, para que não aumentem a pressão ambiental.

Livro: Você quer falar melhor?

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Livro: Você quer falar melhor.
1977. Rio de Janeiro. Editora Bloch. 157 páginas.
Autor: Pedro Bloch

Comentários Gerais:

Peguei este livro no Pegue e Leve da Biblioteca de Limeira.
Num primeiro momento, pensei que fosse um livro com indicações de oratória, já que o nome me remeteu esta ideia.

Mas não, o autor era médico foniatra e teatrólogo. Nos primeiros capítulos, ele trata sobre a importância do que falar, acima do que falar.

O autor critica o preciosismo nas falas, mas usa e abusa desse preciosismo na escrita citando experiências próprias, palavreados complicados e textos redundantes.

Na segunda parte, ele apresenta mais a fisiologia da fala, com a função de cada órgão no sistema e uso como um todo.

E conclui apresentando alguns exercícios para melhorar o sistema fonatório, que em minha opinião, peca pelo excessivo uso de termos da saúde, como se estivesse num Congresso Médico ou num periódico do setor. Ou alguém que não seja da saúde sabe o que significa exercício em posição de decúbito frontal e lateral? Eu não sei.

Outra falha nesse momento foi a não utilização de imagens e diagramas para os exercícios, o que dificulta muito o processo. Pode ser que a ausência de diagramas seja por questões gráficas do momento em que o livro foi editado. Claro que essa dificuldade não deveria ser por ausência de tecnologia, mas talvez para não aumentar os custos da produção editorial.

Uma curiosidade é que o autor expressa laringe como substantivo masculino, sempre como o laringe. Que eu saiba, hoje é entendido como substantivo feminino: a laringe.

Concluindo, não curti o livro. Conclui a leitura mais para não abandonar a empreitada. Mas toda leitura vale a pena.

Para saber mais da biografia do autor, clique aqui.

sábado, 24 de junho de 2017

Documentário: Catastroika


O documentário Catastroika: privatizations goes public (as privatizações são públicas, em tradução livre) apresenta os danos causado no mundo pela privatização de empresas estatais de infraestruturas.

Nos diversos países, como Rússia, Alemanha Oriental, Reino Unido, França, Estados Unidos entre outros, como que privatizaram a preço baixo e depois investiram em recurso público valor maior que o que foi ganhado no processo de privatização. Isso quando não reestatizaram.

Vale a pena assisti-lo.



O documentário tem como foco o processo de privatização que está em curso na Grécia,e o programa vai mostrando como que cada área que está em processo de privatização e um paralelo em outro país no mundo.

São apresentados casos de privatização nos setores ferroviário, saneamento e de energia elétrica.

Isso nos faz pensar sobre estes atos.

Todo documentário tem claramente uma ótica para criar sua narrativa. Que um jornalismo não é isento, todos sabem e um documentário, muito menos.

Ele, claramente, apresenta as faces piores do processo, mas vale a pena assisti-lo e ver o processo por outro ângulo, afinal, na mídia jornalística do dia-a-dia, vemos essa prática como salvação.

Assim, cada um poderá fazer sua avaliação crítica e ter opinião sobre o tema sem ser levado pela informação do grupo dominante da atualidade no país.

E o documentário encerra com uma frase do filósofo Tucídides: 


"Ou a liberdade ou a tranquilidade: tens que escolher. Não se pode ter as duas coisas!"

O documentário é de 2012, foi dirigido por Aris Chatzistefanou e Katerina Kitidi, e foi financiado por cidadãos gregos e estrangeiros.

Para saber mais sobre o documentário, acesse seu web site www.catastroika.com


Mais uma da série: eu apenas segui o projeto...

A imagem pode conter: planta e atividades ao ar livre

Fonte: Facebook (aqui)

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Parques Nacionais pouco conhecidos dos brasileiros



Parques Nacionais são unidades de conservação criados para proteger um determinado bioma, além de sua fauna e flora.

E no Brasil, isso significa falar de áreas com mais de 400 ilhas, como o arquipélago fluvial de Anavilhanas; caverna com acesso por teleférico, no Ceará; e até sítios arqueológicos, como os do Parque Nacional da Serra das Confusões.

Conheça parques nacionais brasileiros, ainda desconhecidos do grande público, do Amazonas ao Paraná, passando por Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro e outros estados:

Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

(PARÁ)

Esse é o mais novo parque nacional do Brasil.
Com uma área total de 79.029 hectares, a mais nova unidade de conservação da natureza federal abrange os municípios de Canaã de Carajás (82,9%) e Parauapebas (17,1%), ao lado da Floresta Nacional de Carajás, umas das maiores reservas minerais do planeta.

A área do parque é coberta por florestas e, principalmente, por savanas conhecidas como vegetação de canga ou campos rupestres ferruginosos, tipo raro de ecossistema associado aos afloramentos rochosos ricos em ferro.


Parque Nacional de Anavilhanas

(AMAZONAS)

Entre Manaus e Novo Airão, esse parque nacional é formado por um arquipélago fluvial de 400 ilhas, considerado um dos maiores do mundo, com 130 km de extensão, aproximadamente.
No período da seca, de setembro a fevereiro, é possível aproveitar as praias de areia que emergem entre as ilhas. Já no período da cheia, de março a agosto, a principal atividade é passeios de barco nas florestas alagadas.

Observação de botos-cor-de-rosa, banhos no Rio Negro e trilhas, como a do Barro Branco, são algumas das atividades possíveis no parque.


Parque Nacional da Serra das Confusões

(PIAUÍ)

A 620 km de Teresina, esse parque fica entre os municípios de Caracol, Guaribas, Santa Luz e Cristino Castro.


O nome Confusões vem das rochas que mudam de cor conforme a luminosidade, podendo variar do acinzentado ao vermelho. Além dos sítios arqueológicos com inscrições rupestres, uma das principais atrações é a Gruta do Riacho dos Bois, onde a água brota de dentro das rochas.

Para conhecer o parque, é necessário estar acompanhado de um guia da Associação de Condutores do Parque Nacional da Serra das Confusões.

Parque Nacional do Catimbau

(PERNAMBUCO)

Entre o agreste e o sertão pernambucano, a aproximadamente 300 km de Recife, esse parque possui mais de 62 mil hectares de área, o segundo maior sítio arqueológico do Brasil, e é parte dos municípios de Buíque, Ibimirim, Sertânia e Tupanatinga.


Sua principal atração são os paredões de arenito, que possuem diversas cores e datam de mais de 100 milhões de anos. Há também cerca de duas mil cavernas arqueológicas, com pinturas rupestres e artefatos da pré-história, alguns datando de mais de 6 mil anos.

Parque Nacional de Ubajara

(CEARÁ)

A 348 km de Fortaleza, esse parque nacional possui seis mil hectares de área e é conhecido como um dos menores do Brasil.
Sua principal atração é a Gruta do Ubajara, uma galeria de 1.200 m de extensão, cujos 450 metros iniciais estão abertos para visita, cujo acesso pode ser feito através de um teleférico suspenso a 550 metros, que propicia também uma vista de praticamente todo o parque.

Outra atração são as trilhas, dentre as quais a da Samambaia, de 1,5 km de extensão, que leva até o mirante e ao Circuito das Cachoeiras.



Parque Nacional de Superagui

(PARANÁ)

Localizado no município de Guaraqueçaba, é considerado Patrimônio Natural pela UNESCO e tem uma área com quase 34 mil hectares que protege uma fauna local, ameaçada de extinção, formada por mico-leão-da-cara-preta, papagaio-da-cara-roxa e suçuaranas.
Possui 38 km de praias virgens, que podem ser percorridos a pé ou de bicicleta e, apesar de ser um destino pouco visitado, tem diversos atrativos, como aproveitar a Praia Deserta, trilhas na Mata Atlântica, visita a comunidades que cultivam ostras e servem o molusco assado em fogões rústicos, praias de água doce formadas pelo rio local e avistamento da revoada dos raros papagaios-da-cara-roxa que habitam a Ilha dos Pinheiros.

Nos meses de férias e em feriados, a comunidade local se reúne para apresentações de fandango no bar Akdov.

Fonte: MSN (aqui)

Novo comitê fará raio-x sobre educação ambiental na SMA-SP



O Comitê de Integração de Educação Ambiental se reuniu, pela primeira vez, em 14 de junho

21 junho, 2017

Construir um retrato da educação ambiental no Sistema Ambiental Paulista a partir de um diagnóstico do que já é realizado pelas diversas instituições. Esta será a primeira tarefa do recém-criado Comitê de Integração de Educação Ambiental.

O grupo se reuniu pela primeira vez no último dia 14 de junho e durante o encontro foram definidas as linhas gerais de atuação, objetivos e estratégias que vão dar o suporte para futuros projetos e ações sobre o tema dentro da secretaria.

O colegiado, estabelecido em caráter permanente, é composto por representantes de todas as instituições componentes do Sistema Ambiental Paulista, e terá papel crucial na coordenação das ações de educação ambiental realizadas.

O comitê é coordenado por Eduardo Trani, chefe da Coordenadoria de Educação Ambiental (CEA). “O comitê terá um papel fundamental no reconhecimento das ações de educação ambiental realizadas pelas instituições executoras da Política de Meio Ambiente da SMA, na identificação das necessidades para educação ambiental nas políticas e no estabelecimento de prioridades e direcionamento de esforços e recursos para sua execução”, disse.

Na reunião também foi esclarecido que a CEA, por sua vez, ficará com o papel executivo na articulação para potencializar as ações de educação ambiental do Sistema Ambiental. A coordenadoria também terá o papel de integrar projetos e instituições para suprir as demandas e viabilizar parcerias.

A próxima reunião do comitê será no dia 1º de agosto.

Fonte: Secretaria de Estado de Meio Ambiente (aqui)

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Planejamento defende uso de tecnologia para governo ser mais sustentável


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Ações digitais do Ministério para facilitar a vida dos cidadãos e reduzir custos foram apresentadas em seminário no Instituto Serzedello Corrêa

O secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação, Marcelo Pagotti, defendeu hoje (20) o uso de soluções digitais para tornar a administração pública mais sustentável. Durante o seminário “Sustentabilidade na Administração Pública: Panorama e estratégias de Gestão”, o secretário apresentou as principais ações do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP) para transformar digitalmente o governo brasileiro. O evento, uma iniciativa do Poder Judiciário, está sendo realizado no auditório do Instituto Serzedello Corrêa, em Brasília.

“Um dos grandes desafios do governo federal é entregar mais serviços públicos para a sociedade com menos recursos financeiros, sendo assim mais sustentável. Nossa proposta é enxergar o cidadão de uma maneira única dentro da administração pública federal, fazendo a limpeza, por exemplo, dos diversos cadastros existentes nos órgãos federais”, afirma Pagotti.

Uma das ações do MP para alcançar este resultado é a Plataforma de Cidadania Digital. Instituída em dezembro do ano passado pelo Decreto nº 8.936/2016, a plataforma tem o objetivo de ampliar e simplificar o acesso dos cidadãos brasileiros aos serviços públicos. O Portal de Serviços do governo federal (servicos.gov.br) se tornará em breve o canal único e integrado para a disponibilização de informações, solicitação eletrônica e acompanhamento de serviços públicos.

“Queremos também que o governo seja enxergado pelo cidadão de uma maneira única. A plataforma unificará a visão dos serviços públicos para o cidadão. Hoje o cidadão tem o ônus de procurar nos sites governamentais onde determinado serviço pode ser realizado”, disse Pagotti.

Além de facilitar a vida dos cidadãos com a eliminação de deslocamentos desnecessários, tempo de espera nas filas, impressão dispensável de certidões e autenticação de documentos, a plataforma também reduzirá os gastos do governo federal. Pesquisas demonstram que a transformação digital dos serviços públicos deve gerar uma economia de 97% para a administração pública.

Fonte: Site do Ministério do Planejamento (aqui) / Imagem (aqui)

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Como nasce um parque: A história do primeiro parque do Brasil



Firme e soberana, a Serra do Itatiaia já foi palco de muitas histórias. Algumas de que se tem registro, e outras dos tempos em que os índios Puri eram os únicos habitantes da região. Essas só podemos imaginar.

É sabido, porém, que ali começou uma grande jornada: a jornada dos parques do Brasil. Os primeiros visitantes chegaram ainda no século XIX, em expedições que resultaram na criação de obras de arte que hoje estão no Museu do Louvre, em Paris. No entanto, foi apenas em 1937 que o local se tornou o Parque Nacional do Itatiaia - o primeiro parque brasileiro. Hoje, 14 de junho, é comemorado o aniversário de 80 anos.

As terras que foram adquiridas pelo governo federal para a criação de núcleos coloniais agrícolas, em 1908, são as mesmas que se tornaram um local de conservação e conexão nos últimos 80 anos. Proteção à natureza, auxílio às ciências naturais, crescimento do turismo e reserva das florestas existentes para as gerações vindouras eram os objetivos que, desde o início, nortearam a criação dos parques nacionais, por Getúlio Vargas.

De lá pra cá, o parque tomou corpo. Áreas agrícolas foram regeneradas e, já na década de 1940, o espaço ganhou infraestrutura para receber visitantes e pesquisadores.

Hoje, quem cruza os limites do Itatiaia se vê rodeado por cerca de 30 mil hectares, o equivalente a 135 parques Ibirapuera. Ali, pode-se percorrer trilhas e mergulhar em cachoeiras, observar a fauna e a flora. Aliás, as mais de 360 espécies de aves tornam o parque indispensável para os observadores. Existe, inclusive, um pássaro que leva o nome do parque, o Itatiaia Spinetail.

Outro atrativo é o frio que toca o Planalto do Itatiaia. Geadas matinais, lagos congelados e, por vezes, até neve no Pico das Agulhas Negras atraem a curiosidade dos visitantes. Há quem diga que é a região com as menores temperaturas do Brasil. O recorde não está confirmado, mas, no ano passado, os termômetros chegaram a marcar -13,3 graus!

Do turismo, brota um dos mais doces frutos gerados nessa jornada. "A grande vocação do Itatiaia é cativar as pessoas e despertar o desejo de conhecer os parques e conservar as nossas riquezas naturais", explica Gustavo Tomzhinsky, chefe do Itatiaia. Esses são frutos semeados em todos os parques. Que, no futuro, eles brotem por todos os lados.

*Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do HuffPost Brasil e não representa ideias ou opiniões do veículo. Mundialmente, o HuffPost oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

Fonte: MSN (aqui)

sábado, 17 de junho de 2017

Qual é a Origem dos Nomes dos Estados Brasileiros?


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Os Estados brasileiros foram batizados de acordo com basicamente três fontes: nomes indígenas relacionados à região, acidentes geográficos ou nomes de santos. Veja a origem de cada um.

Acre - o nome provavelmente vem de 'aquiri', corruptela de 'uwákürü', vocábulo do dialeto Ipurinã que denominava um rio local. Conta a História que, em 1878, o colonizador João Gabriel de Carvalho Melo fez um pedido por escrito a um comerciante paraense de mercadorias destinadas à 'boca do rio Aquiri'. Só que o comerciante não entendeu a letra de Melo, que parecia ter escrito algo como 'acri' ou 'aqri', e as compras foram entregues ao colonizador com o destino 'rio acre'

Alagoas - deriva dos numerosos lagos e lagoas que banham a região. Só Maceió, a capital, possui 17 lagoas, entre mais de 30 em todo o Estado

Amapá - a origem desse nome é controversa. Na língua tupi, o nome Amapá significa 'o lugar da chuva' - 'ama' (chuva) e 'paba' (lugar, estância, morada). A tradição diz, no entanto, que o nome teria vindo do nheengatu, uma espécie de dialeto tupi jesuítico, que significa 'terra que acaba', ou seja: 'ilha'. Também pode se referir à árvore amapá (Hancornia amapa), muito comum na região. Sua seiva é usada como fortificante e estimulador do apetite

Amazonas - o nome, que se transmitiu do rio à região e, depois, ao Estado, deve-se ao explorador espanhol Francisco de Orellana que, em 1541, ao chegar à região, teve de guerrear com uma tribo indígena. O cronista da expedição relatou que os guerreiros eram, na verdade, bravas índias. Elas foram comparadas às amazonas, mulheres guerreiras que, segundo lenda grega, retiravam o seio direito para melhor manejarem o arco-e-flecha

Bahia - deriva da Baía de Todos os Santos, região onde atracou uma esquadra portuguesa em 1º de novembro de 1501, dia dedicado a Todos os Santos. Em 1534, quando o Brasil foi dividido em capitanias, havia uma orientação para que elas fossem batizadas com nomes dos acidentes mais notáveis nos seus territórios

Ceará - vem de 'ciará' ou 'siará' - 'canto da jandaia', em tupi, um tipo de papagaio pequeno e grasnador

Espírito Santo - o Estado originou-se de uma capitania doada a Vasco Fernandes Coutinho, que chegou à região no dia 23 de maio de 1535, um domingo do Espírito Santo (ou Pentecostes, 50 dias após a Páscoa), razão pela qual a capitania recebeu esse nome

Goiás - deriva do nome dos índios guaiás, que ocupavam a região no final do século 16, quando lá chegaram os bandeirantes em busca de ouro

Maranhão - outro nome com origem controversa. Uma das hipóteses é que venha do nheengatu 'mara-nhã', outra é que tenha origem no tupi 'mbarã-nhana' ou 'pára-nhana', que significa 'rio que corre'. Outra possível origem está no cajueiro, árvore típica da região conhecida como 'marañón' em espanhol

Mato Grosso - a denominação tem origem em meados da década de 1730 e foi dada pelos bandeirantes que chegaram a uma região onde as matas eram muito espessas. Embora a vegetação do Estado não seja cerrada e densa em toda a sua superfície, o nome foi mantido e se tornou oficial a partir de 1748

Mato Grosso do Sul - a criação do Estado é resultado de um longo movimento separatista que teve sua origem em 1889, quando alguns políticos propuseram a transferência da capital de Mato Grosso para Corumbá. Na primeira metade do século 20, com a chegada de seringueiros, criadores de gado e exploradores de erva-mate à Região Sul, ficou clara a diferença entre as duas metades do Estado. E em 1977 ele foi desmembrado

Minas Gerais - a existência na região de inúmeras minas com metais preciosos, descobertas pela exploração dos bandeirantes paulistas no final do século 18, deu origem ao nome do Estado. O motivo da junção do adjetivo 'gerais' para 'minas' pode ser por conta dos vários tipos de minérios ou também para diferenciar das minas particulares

Pará - vem da palavra tupi 'pa'ra', que significa 'mar'. Esse foi o nome dados pelos índios para o braço direito do rio Amazonas que, ao confluir com o Rio Tocantins, se alonga muito parecendo o mar

Paraíba - vem da junção do tupi 'pa'ra' com 'a'iba', que significa 'ruim, impraticável para a navegação'. O nome foi inicialmente dado ao rio e depois ao Estado

Paraná - também formado pela junção de 'pa'ra' com 'aña', que significa 'semelhante, parecido'. A palavra serviria para designar um rio semelhante ao mar

Pernambuco - o nome vem do tupi-guarani 'paranambuco', junção de 'para'nã' (rio caudaloso) e 'pu'ka' (rebentar, furar) e significa 'buraco no mar'. Os índios usavam 
essa palavra para os navios que furavam a barreira de recifes

Piauí - do tupi 'pi'awa' ou 'pi('ra)'awa', que significa 'piau, peixe grande', com 'i' (rio). Ou seja, rio das piabas ou dos piaus

Rio de Janeiro - em 1º de janeiro de 1502, uma expedição portuguesa sob o comando de Gaspar Lemos chegou ao que lhes parecia a foz de um grande rio, denominando o local como Rio de Janeiro, ao que é, na realidade, a entrada da barra da Baía de Guanabara

Rio Grande do Norte - recebeu esse nome por conta do tamanho do Rio Potengi

Rio Grande do Sul - primeiro chamado São Pedro do Rio Grande, por causa do canal que liga a lagoa dos Patos ao oceano.

Rondônia - originalmente criado como Território do Guaporé em 1943, trocou de nome em 17 de fevereiro de 1956, em homenagem ao marechal Cândido Rondon (1865-1958), que desbravou a região

Roraima - nome indígena local que significa serra verde ou monte verde. A palavra é formada pela junção de 'roro' ou 'rora' (verde) com 'imã' (serra ou monte)

São Paulo - o nome está relacionado com a data de fundação do Real Colégio de São Paulo de Piratininga, em 25 de janeiro de 1554, que originou a cidade de São Paulo. Essa data é comemorada pela Igreja Católica como o dia da conversão de Paulo ao cristianismo

Sergipe - do tupi 'si'ri-ï-pe', que significa 'rio dos siris'

Santa Catarina - há duas possíveis origens para o nome. A primeira se refere a Sebastião Caboto, italiano a serviço da Espanha, que chegou à ilha por volta de 1526 e teria lhe dado esse nome em homenagem a sua mulher Catarina Medrano. Alguns historiadores, entretanto, acreditam que se trata de um oferecimento a Santa Catarina de Alexandria, festejada pela Igreja no dia 25 de novembro

Tocantins - nome de um grupo indígena que teria habitado a região junto à foz do Rio Tocantins. A palavra tupi significa 'bico de tucano'.

Fonte: Revista Galileu (aqui) / Imagem (aqui)

Operação do sistema elétrico mudará com expansão eólica e solar, diz ONS

A operação do sistema elétrico brasileiro precisará mudar para se adaptar à acelerada expansão da geração eólica no país e ao início da introdução da energia solar na matriz, incluindo o crescimento nas instalações solares em residências, com placas fotovoltaicas em telhados, disse nesta terça-feira o diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata.

Ele afirmou que essa preocupação já faz com que o ONS e as autoridades do setor preparem-se para rever o sistema computacional utilizado atualmente para programar a operação do sistema e para o cálculo dos preços spot da eletricidade, ou Preços de Liquidação das Diferenças (PLD).

“Estamos trabalhando de forma integrada para poder dispor a partir de 2020 de um novo modelo para o estabelecimento da política de operação e cálculo de preço, que tenha todos requisitos que entendemos como fundamentais”, disse Barata, ao participar de evento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Segundo ele, o novo sistema a ser desenvolvido possibilitará que o sistema elétrico enfrente melhor a variabilidade da geração das usinas eólicas e solares, que dependem de vento e da incidência do sol.

“Entendemos que hoje o estágio de evolução do segmento exige uma permanente inovação em tecnologia e temos colocado como palavra de ordem no ONS a inovação. Precisamos melhorar nossos procedimentos”, disse o diretor.

De acordo com Barata, o novo sistema teria uma representação das usinas de forma individual e em base horária, e uma “adequada representação das fontes intermitentes”.

Ele disse que participou recentemente de encontros com representantes de órgãos semelhantes ao ONS que operam em outros países do mundo e que diversos deles relataram grandes desafios para se adaptar à expansão das fontes renováveis, principalmente na Europa, onde a tecnologia avançou rapidamente.

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“O depoimento deles é realmente impressionante. A Itália… chega a ter hoje quase 30 por cento da carga suprida por fotovoltaicas nos tetos. Isso significa dizer que você tem que aparelhar o sistema para operar durante o dia… e quando o sol se põe a configuração é outra”, comentou.

“E isso tem acontecido na Itália e vários outros países, todos enfrentaram problemas grandes de adaptação a essa nova realidade do setor.”

O diretor do ONS apontou, no entanto, que o Brasil deverá ter tempo para se preparar para essas transformações, ajudado principalmente pela crise econômica, que deverá limitar em algum nível a velocidade dessas mudanças.

Fonte: Secretaria de Energia (aqui) / Imagem (aqui)

terça-feira, 13 de junho de 2017

Precisamos falar sobre a vaidade na vida acadêmica


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por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 24/02/2016 03h37, última modificação 24/02/2016 12h17

Combater o mito da genialidade, a perversidade dos pequenos poderes e os "donos de Foucault" é fundamental para termos uma universidade melhor

As fronteiras entre fracos e 'fodas' começam nas bolsas de iniciação científica da graduação. No novo status de bolsista, o aluno começa a mudar a sua linguagem. Sem discernimento, brigas de orientadores são reproduzidas. Há brigas de todos os tipos: pessoais (aquele casal que se pegava nos anos 1970 e até hoje briga nos corredores), teóricas (marxistas para cá; weberianos para lá) e disciplinares (antropólogos que acham sociólogos rasos generalistas, na mesma proporção em que sociólogos acham antropólogos bichos estranhos que falam de si mesmos).

A entrada no mestrado, no doutorado e a volta do doutorado sanduíches vão demarcando novos status, o que se alia a uma fase da vida em que mudar o mundo já não é tão importante quanto publicar um artigo em revista qualis A1 (que quase ninguém vai ler).

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dizíamos que quando alguém entrava no mestrado, trocava a mochila por pasta de couro. A linguagem, a vestimenta e o ethos mudam gradualmente. E essa mudança pode ser positiva, desde que acompanhada por maior crítica ao sistema e maior autocrítica – e não o contrário.

A formação de um acadêmico passa por uma verdadeira batalha interna em que ele precisa ser um gênio. As consequências dessa postura podem ser trágicas, desdobrando-se em dois possíveis cenários igualmente predadores: a destruição do colega e a destruição de si próprio.

O primeiro cenário engloba vários tipos de pessoas (1) aqueles que migraram para uma área completamente diferente na pós-graduação; (2) os que retornaram à academia depois de um longo tempo; (3) os alunos de origem menos privilegiada; (4) ou que têm a autoestima baixa ou são tímidos. Há uma grande chance destas pessoas serem trituradas por não dominarem o ethos local e tachadas de “fracos”.

Os seminários e as exposições orais são marcados pela performance: coloca-se a mão no queixo, descabela-se um pouco, olha-se para cima, faz-se um silêncio charmoso acompanhado por um impactante “ãaaahhh”, que geralmente termina com um “enfim” (que não era, de fato, um “enfim”). Muitos alunos se sentem oprimidos nesse contexto de pouca objetividade da sala de aula. Eles acreditam na genialidade daqueles alunos que dominaram a técnica da exposição de conceitos.

Hoje, como professora, tenho preocupações mais sérias como estes alunos que acreditam que os colegas são brilhantes. Muitos deles desenvolvem depressão, acreditam em sua inferioridade, abandonam o curso e não é raro a tentativa de suicídio como resultado de um ego anulado e destruído em um ambiente de pressão, que deveria ser construtivo e não destrutivo.

Mas o opressor, o “foda”, também sofre. Todo aquele que se acha “bom” sabe que, bem lá no fundo, não é bem assim. Isso pode ser igualmente destrutivo. É comum que uma pessoa que sustentou seu personagem por muitos anos, chegue na hora de escrever e bloqueie.

Imagine a pressão de alguém que acreditou a vida toda que era foda e agora se encontra frente a frente com seu maior inimigo: a folha em branco do Word. É “a hora do vâmo vê”. O aluno não consegue escrever, entra em depressão, o que pode resultar no abandono da tese. Esse aluno também é vítima de um sistema que reproduziu sem saber; é vítima de seu próprio personagem que lhe impõe uma pressão interna brutal.

No fim das contas, não é raro que o “fraco” seja o cavalinho que saiu atrasado e faça seu trabalho com modéstia e sucesso, ao passo que o “foda” não termine o trabalho. Ademais, se lermos o TCC, dissertação ou tese do “fraco” e do “foda”, chegaremos à conclusão de que eles são muito parecidos.

A gradação entre alunos é muito menor do que se imagina. Gênios são raros. Enroladores se multiplicam. Soar inteligente é fácil (é apenas uma técnica e não uma capacidade inata), difícil é ter algo objetivo e relevante socialmente a dizer.

Ser simples e objetivo nem sempre é fácil em uma tradição “inspirada” (para não dizer colonizada) na erudição francesa que, na conjuntura da França, faz todo o sentido, mas não necessariamente no Brasil, onde somos um país composto majoritariamente por pessoas despossuídas de capitais diversos.

É preciso barrar imediatamente este sistema. A função da universidade não é anular egos, mas construí-los. Se não dermos um basta a esse modelo a continuidade desta carreira só piora. Criam-se anti-professores que humilham alunos em sala de aula, reunião de pesquisa e bancas. Anti-professores coagem para serem citados e abusam moral (e até sexualmente) de seus subalternos.

Anti-professores não estimulam o pensamento criativo: por que não Marx e Weber? Anti-professores acreditam em lattes e têm prazer com a possibilidade de dar um parecer anônimo, onde a covardia pode rolar às soltas.

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O dono do Foucault

Uma vez, na graduação, aos 19 anos, eu passei dias lendo um texto de Foucault e me arrisquei a fazer comparações. Um professor, que era o dono do Foucault, me disse: “não é assim para citar Foucault”.

Sua atitude antipedagógica, anti-autônoma e anti-criativa, me fez deixar esse autor de lado por muitos anos até o dia em que eu tive que assumir a lecture “Foucault” em meu atual emprego. Corrigindo um ensaio, eu quase disse a um aluno, que fazia um uso superficial do conceito de discurso, “não é bem assim...”.

Seria automático reproduzir os mecanismos que me podaram. É a vingança do oprimido. A única forma de cortamos isso é por meio da autocrítica constante. É preciso apontar superficialidade, mas isso deve ser um convite ao aprofundamento. Esquece-se facilmente que, em uma universidade, o compromisso primordial do professor é pedagógico com seus alunos, e não narcisista consigo mesmo.

Quais os valores que imperam na academia? Precisamos menos de enrolação, frases de efeitos, jogo de palavras, textos longos e desconexos, frases imensas, “donos de Foucault”. Se quisermos que o conhecimento seja um caminho à autonomia, precisamos de mais liberdade, criatividade, objetividade, simplicidade, solidariedade e humildade.

O dia em que eu entendi que a vida acadêmica é composta por trabalho duro e não genialidade, eu tirei um peso imenso de mim. Aprendi a me levar menos a sério. Meus artigos rejeitados e concursos que fiquei entre as últimas colocações não me doem nem um pouquinho. Quando o valor que impera é a genialidade, cria-se uma “ilusão autobiográfica” linear e coerente, em que o fracasso é colocado embaixo do tapete. É preciso desconstruir o tabu que existe em torno da rejeição.

Como professora, posso afirmar que o número de alunos que choraram em meu escritório é maior do que os que se dizem felizes. A vida acadêmica não precisa ser essa máquina trituradora de pressões múltiplas. Ela pode ser simples, mas isso só acontece quando abandonamos o mito da genialidade, cortamos as seitas acadêmicas e construímos alianças colaborativas.

Nós mesmos criamos a nossa trajetória. Em um mundo em que invejas andam às soltas em um sistema de aparências, é preciso acreditar na honestidade e na seriedade que reside em nossas pesquisas.

Transformação

Tudo depende em quem queremos nos espelhar. A perversidade dos pequenos poderes é apenas uma parte da história. Minha própria trajetória como aluna foi marcada por orientadoras e orientadores generosos que me deram liberdade única e nunca me pediram nada em troca.

Assim como conheci muitos colegas que se tornaram pessoas amargas (e eternamente em busca da fama entre meia dúzia), também tive muitos colegas que hoje possuem uma atitude generosa, engajada e encorajadora em relação aos seus alunos.

Vaidade pessoal, casos de fraude em concursos e seleções de mestrado e doutorado são apenas uma parte da história da academia brasileira. Tem outra parte que versa sobre criatividade e liberdade que nenhum outro lugar do mundo tem igual. E essa criatividade, somada à colaboração, que precisa ser explorada, e não podada.

Hoje, o Brasil tem um dos cenários mais animadores do mundo. Há uma nova geração de cotistas ou bolsistas Prouni e Fies, que veem a universidade com olhos críticos, que desafiam a supremacia das camadas médias brancas que se perpetuavam nas universidades e desconstroem os paradigmas da meritocracia.

Soma-se a isso o frescor político dos corredores das universidades no pós-junho e o movimento feminista que só cresce. Uma geração questionadora da autoridade, cansada dos velhos paradigmas. É para esta geração que eu deixo um apelo: não troquem o sonho de mudar o mundo pela pasta de couro em cima do muro.

Fonte: Carta Capital (aqui) / Imagem: Internet (aqui e aqui)