sábado, 28 de outubro de 2017

Filme Pé(Fé) na caminhada


Este filme foi publicado no início da década de 1990. A história de luta retratada ao longo dele poderia ser um registro histórico de um Brasil que ficou para trás, cravejado de desigualdades, exclusão, fome e miséria... Mas...

Passado quase 30 anos, podemos dizer que estávamos melhorando, que estávamos deixando isso para trás e estávamos evoluindo no sentido positivo do termo. Mas a crise que o Brasil foi enfiado após 2014, colocou tudo isso por água abaixo.

Corremos o risco de voltar ao mapa da fome, situação que estávamos fora há alguns anos. O desemprego explodiu e estamos vivenciando uma agenda política de retrocessos.

Infelizmente, este filme pode ser o retrato futuro novamente do Brasil. Mas neste filme, podemos ver uma Igreja forte, protagonista, lutando pela emancipação social do pobre. Será que hoje, poderemos ver esse protagonismo em nossa Igreja?

Não podemos retroceder. Temos que lutar e defender o nosso país. Quando escrevo defender, não estou dizendo essa forma retrógrada e fora de local que temos vistos novamente como defesa da família, uma defesa que não envolve a essência, mas a cosmética do processo.



O filme foi produzida pela Verbo Filmes, a mesma companhia que lançou o filme "Anel de Tucun" e teve como roteirista nomes importantíssimos como Dom Pedro Casaldáliga e Leonardo Boff.

Achei por acaso este filme hoje de manhã, quando estava buscando mais informações e subsídio para uma formação que apoiei na reunião da Região Centro da Pastoral da Juventude em preparação para o DNJ 2017 que acontecerá amanhã, dia 29 de outubro em Artur Nogueira.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Trilha no Bosque dos Jequitibás é dica para passeio com crianças no feriado em Campinas




Hoje, 10/10/17, no Jornal da EPTV primeira edição apareceu uma reportagem sobre trilha interativa de árvores no Parque dos Jequitibás.

São 100 árvores identificadas com QR Code, onde o cidadão pode identificar e conhecer a árvore se possuir um celular smartphone conectado à Internet.

Para assistir a reportagem completa, clique aqui.

‘Nazismo de Esquerda’: a falácia que afronta, além da História, a Filosofia




O fascismo é um projeto reacionário a serviço do capitalismo monopolista, do status quo e das hierarquias, o que o torna totalmente oposto a qualquer vertente socialista

Por Roni Pereira

“Se a interpretação pragmática da ‘XI tese’ [‘Os filósofos até hoje interpretaram o mundo; trata-se de transformá-lo’] fosse legítima, Marx seria o teórico do fascismo e não do comunismo. Para as concepções fascistas os problemas se põem na ação e se resolvem pela ação. Trata-se de um pressuposto irracionalista que está plenamente de acordo com as propostas políticas do fascismo, que se baseiam na manipulação das massas pelos ‘grandes chefes”. – Adelmo Genro Filho, jornalista. [1]

Introdução

Nas redes sociais é cada vez mais comum nos deparamos com um “argumento” inusitado: “O nazismo é de esquerda“. O finado filósofo Umberto Eco citou, certa vez, em entrevista, um dos lados ruins da internet: “O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”, afirmou o intelectual.

Como muita gente segue a famosa máxima “se está na internet, é porque é verdade”, uma mentira qualquer pode ser rapidamente disseminada nas redes sociais como se fosse “verdade”.

Facções políticas (à esquerda e à direita), através de blogs e sites obscuros, têm se aproveitado disso para disseminar factoides e fraudes históricas com o intuito de demonizar o outro lado.

Listar todas as mentiras desses grupos daria um livro (e eu ainda correria o risco de ser acusado de omissão), por isso vou me ater a somente uma fraude histórica que é muito disseminada pela direita e extrema-direita para demonizar o outro lado do espectro político: “nazi-fascismo é de esquerda”.

Não vou aqui rebater essa fraude com argumentos políticos e econômicos. Esses tipos de refutação são fartamente encontrados na internet. A perspectiva adotada aqui será filosófica.

O fascismo antes do poder

O regime fascista é fácil de ser identificado quando se está em forma de Estado. No entanto, a coisa complica quando busca identificar sua gênese filosófica e política antes de alcançar o poder. O discurso político do fascismo nunca revela inteiramente sua natureza.

Por exemplo: o integralismo, versão tupiniquim do fascismo, surgiu com propostas claramente conservadoras e reacionárias. Por outro lado, na Europa o fascismo emerge com propostas “de esquerda”.

O programa fascista italiano, por exemplo, defendia propostas reformistas do capitalismo e o programa nacional-socialista chegou a propor “participação dos trabalhadores nos lucros das grandes empresas”.
Para compreender essa “confusão”, e para desmascarar esse suposto esquerdismo, vou adotar a advertência de Palmiro Toggliati: nunca se deve considerar o fascismo como “algo fixo, esquema ou modelo”. [2]

Anticapitalismo de direita?

A Europa pós-Primeira Guerra ficou marcada, também, pela ascensão de movimentos anticapitalistas (ou que se diziam anticapitalistas), tanto à esquerda quanto à direita. O nome “socialismo”, que nunca foi de pertencimento exclusivo do marxismo, entrou na moda e foi adotado também por movimentos e intelectuais de direita, mas com uma concepção totalmente diferente.

O direitista Werner Sombart, economista e sociólogo alemão, elaborou um conceito de “socialismo nacional” ou “socialismo alemão”. Ele entendia esse socialismo como pragmático e contrário ao materialismo proletário do marxismo.

Outro exemplo clássico de “socialismo direitista” foi elaborado por Oswald Spengler através do conceito de “socialismo prussiano”, em que ele busca formular um socialismo “livre do marxismo”.

Ambos os movimentos nunca defenderam abolição de propriedade privada. Spengler chegou a dizer que “o marxismo é o capitalismo da classe trabalhadora e não o verdadeiro socialismo”.

Em um momento em que o anticapitalismo estava em alta, parte da direita europeia fora influenciada por esses intelectuais e passou a se distanciar do conservadorismo tradicional.

O insuspeito economista Friedrich Hayek revela a existência de “anticapitalistas de direita” na obra O Caminho da Servidão (o livro mais citado e o menos lido entre supostos liberais na internet):

“Foi a união das forças anticapitalistas da esquerda e da direita, a fusão do socialismo radical e do socialismo conservador, que destruiu na Alemanha tudo quanto ali havia de liberal”, escreveu o guru Hayek, na página 164. [3]

Ainda mais surpreendente é o guru da nossa “nova direita”, o economista austríaco Ludwig von Mises, admitir que sim, o fascismo é de direita, no caso uma “direita hegeliana”:

“Georg Wilhelm Friedrich Hegel, o famoso filósofo alemão, deu origem a duas escolas — os hegelianos de “esquerda” e os hegelianos de “direita”. Karl Marx era o mais importante dos hegelianos de “esquerda”. Os nazistas vieram da “direita” hegeliana”. Mises, O Livre Mercado e Seus Inimigos, página 20 [4]

Fica aqui registrado que a dicotomia “esquerda = anticapitalista x direita = capitalismo” não existia (pelo menos enquanto discurso político) na Europa pós-Primeira Guerra, durante a ascensão do nazi-fascismo.

Então voltemos ao “socialismo de direita”.

O “socialismo prussiano” de Spengler influenciou o nazismo. O fundamental princípio deste “socialismo” pode ser sintetizado em uma frase dele: “O significado do socialismo é que a vida não é controlada pela oposição entre ricos e pobres, mas pelo grau que a conquista e o talento conferem, que é a nossa liberdade, a liberdade do despotismo econômico do indivíduo”. [5] Quanta ‘pelegagem’, não?

Também é bom citar o “Movimento Conservador Revolucionário” (paradoxal, eu sei), um movimento político direitista e alemão do início do século XX, que foi claramente influenciado por ideais anticapitalistas, especificamente pelo socialismo prussiano. [6]

A adoção de um discurso anticapitalista, portanto, não torna o fascismo de esquerda.

Plágio e anti-emancipação liberal

Os fascistas adaptaram o nome e os símbolos dos revolucionários de esquerda. O nome “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores”, de Adolf Hitler e a instituição do “Primeiro de Maio” como feriado nacional em 1933 são os exemplos mais emblemáticos.

Mas o nazi-fascismo tem aspectos opostos à extrema-esquerda, o que o torna contrarrevolucionário. O historiador Eric Hobsbawm explica que os fascistas invocavam valores tradicionais, apesar de não serem tradicionalistas. A retórica ultradireitista era de retorno a um passado tradicional, que supostamente seria melhor que aquele presente.

No discurso político do fascismo também encontra-se oposição à emancipação liberal (como direitos das mulheres), uma forma escancarada de conservadorismo.

A esquerda revolucionária, por outro lado, apesar de rejeitar o regime político liberal (como a democracia), não rejeitava essa emancipação: a União Soviética, por exemplo, foi pioneiro em relação aos direitos das mulheres.

O fascismo no poder

No poder, o fascismo revelou sua verdadeira face: uma tendência ao capitalismo monopolista, que se desenvolve na fase imperialista. Isso fica evidenciado com as alianças que os fascistas fazem quando chegam ao poder: setores reacionários da sociedade alemã e italiana, grandes empresários da indústria monopolista e os bancos.

Surge um pacto em que o Estado fascista passa a ser financiado pelos grandes capitalistas para manutenção da “ordem social” e conter o “perigo vermelho” comunista.

A “ordem social” pode ser entendida aqui como a vida “racionalmente” organizada pelo capitalismo monopolista. Nesta organização há a tentativa de cooptar os trabalhadores para o “projeto da burguesia” e abafar a luta de classes com a ilusão de que os operários e o empresariado têm identidade de interesses.
Porém, os trabalhadores dotados de consciência crítica e com interesses e ideias comuns tendem a constituir uma “classe trabalhadora” que se articula contra a organização e “racionalidade” do capitalismo monopolista.

O objetivo da esquerda, especialmente o marxismo, era (e é) de despertar essa consciência nos trabalhadores para que pudessem se opor à exploração econômica.

Por outro lado, o fascismo busca despertar, politicamente, a “energia negativa” dos trabalhadores para que lutem contra seus próprios interesses, ou seja, em prol da “ordem social” e da hierarquia. Não é por acaso que fazem apologia ao nacionalismo e outras “particularidades estereotipadas” e idealistas.

O fascismo objetiva manter a ordem social através do terror e dos mitos. Pode se dizer que essa forma de ultradireita é uma reação violenta a qualquer ameaça ao capitalismo. Por isso o anticomunismo radical. Para os fascistas, as massas devem ser manobradas a colocarem suas energias destrutivas em defesa da ordem social do capitalismo monopolista.

O nazifascismo tem horror ao intelectualismo e ao racionalismo. Por isso despreza fortemente a consciência crítica das massas. O objetivo é despertar o irracionalismo e o fanatismo das classes médias e dos setores populares e assim acabar com as fronteiras de classes, seja em prol da nação, do Estado, da raça ou de outras particularidades estereotipadas.

Não é por acaso que o fascismo detesta a teoria e se desenvolve pelo primado da ação.

Fascismo e União Soviética

Muito da argumentação falaciosa utilizada pela direita nas redes sociais para equiparar fascismo e comunismo, ou para jogar o fascismo do lado da esquerda, vem de comparações entre Alemanha Nazista e a União Soviética. Da fato, há algumas similaridades entre ambos os regimes. Mas há também diferenças que os tornam inconciliáveis.

Por exemplo, tecla-se frequentemente que os regimes nazi-fascista e comunista são idênticos porque pretenderam construir o “homem novo”, mas não se discute quais as propostas de ambos para se alcançar esse objetivo.

Ontologicamente o fascismo pretende ser naturalista. Sua proposta para a construção do “homem novo”, além de ser idealista, é de uma perspectiva biológica: não apenas pela educação e cultura, mas também por “fundamentos naturais”, ou seja, a biologia. Não foi por acaso as experiências pseudocientíficas e cruéis praticadas contra judeus.

O alcance deste objetivo não será pela história, o que torna a proposta a-histórica. Na verdade, para os fascistas, o natural predomina sobre o histórico.

Isso contrapõe a perspectiva marxista. Deixemos o próprio Adolf Hitler falar:

”A doutrina judaica do marxismo repele o princípio aristocrático na natureza. Contra o privilégio eterno do poder e da força do indivíduo levanta o poder das massas e o peso-morto do número. Nega o valor do indivíduo, combate a importância das nacionalidades e das raças, anulando assim na humanidade a razão de sua existência e de sua cultura. Por essa maneira de encarar o universo, conduziria a humanidade a abandonar qualquer noção de ordem. E como nesse grande organismo, só o caos poderia resultar da aplicação desses princípios, a ruína seria o desfecho final para todos os habitantes da terra.” [7]

O caráter profundamente reacionário, nacionalista, naturalista ontológico e de negação abstrata das classes sociais em prol da manutenção do capitalismo monopolista coloca o fascismo como antagonista a qualquer forma de marxismo.

Porém, em um ponto pode se encontrar identidade filosófica entre o stalinismo e o fascismo. Ambas correntes políticas possuem um traço naturalista que pressupõe que o destino da humanidade é traçado, de forma objetiva, pelas “leis do desenvolvimento sociais”. Esse naturalismo rejeita o pressuposto marxista da necessidade do “sujeito histórico” e da práxis revolucionária, pois os fins estão fixados por “leis objetivistas”.

A diferença é que, enquanto o stalinismo encara o socialismo como dado apriorístico – ou seja, uma tendência naturalista otimista- o naturalismo fascista é pessimista.

O nazi-fascista acredita que o destino da humanidade é a desagregação. Somente as elites que conduzem as massas podem evitar esse destino e de forma heroica. Mitos como “nação”, “estado”, “raça” e as próprias “elites” servem como mitos congregadores e têm função educativa.

A teoria stalinista também pressupõe a existência de uma “elite socialista” que possa projetar a futura sociedade socialista de acordo com as supostas leis sociais, através de imposições econômicas que agilizem o processo. Esse traço em comum reproduziu semelhantes práticas e discursos políticos em ambos os regimes.

“Nacional-socialismo”

Outro dos argumentos mais simplistas utilizados por direitistas apela para o nome do partido nazista (“nacional-socialismo”). Conclui-se que o partido era socialista por causa do nome “socialismo” presente. Eles focam no nome “socialismo” e esquecem o nome “nacional”.

O “nacional” presente no nome do partido é referente ao nacionalismo nazifascista, aspecto incompatível com o socialismo marxista. O nacionalismo do nazi-fascismo é idealista, portanto rejeita o materialismo histórico do marxismo. A luta de classes também é negada e substituída pela “solidariedade nacional”. As classes sociais devem se unir em prol da nação.

Outro aspecto repudiado pelo marxismo, mas que está presente na concepção nacionalista do fascismo, é o imperialismo justificado a partir de um conceito “biológico” do Estado.

Para Benito Mussolini, a nação “é um organismo dotado de existência, de um fim, de meios de ação superiores em poderio e em duração aos indivíduos isolados e agrupados que a compõem… Unidade ética, política e econômica, realizam-se integralmente no Estado fascista”.

Na Alemanha, surgiu a pregação de que o “organismo” Estado precisava de “espaço vital” que só poderia ser encontrada fora de seu território: Áustria, Dantzig, Polônia e Ucrânia foram os alvos do Estado nazista. É uma teoria que justifica o imperialismo.

Conclusões

Apesar de apresentar um discurso “revolucionário”, o fascismo é um projeto reacionário a serviço do capitalismo monopolista, do status quo e das hierarquias. Projeto político antagonista a qualquer vertente de esquerda.

Os argumentos de direitistas para tentar enquadrar o fascismo como “projeto de esquerda” não resistem a uma profunda pesquisa. Qualquer historiador minimamente informado sabe disto, o problema é que a desinformação tem se espalhado como água de esgoto pelo mar e enganado muitos leigos. É necessário combater isso.

O estudo aprofundado da política nazi-fascista também deixa evidente a necessidade de defender as instituições democráticas para que não passem por uma transformação reacionária rumo ao fascismo.

Notas

[1] GENRO FILHO, Adelmo. Teoria e revolução (proposições políticas e algumas reflexões filosóficas). In: Teoria & Política. São Paulo, Brasil Debates, 1987 n.8. pp.32-53.
[2] TOGLIATTI, Palmiro. Lições sobre o fascismo. São Paulo, 1º vol., Coleção História e Política, Liv, Editorial Ciências Humanas, 1978, p.4.
[3] Disponível em PDF aqui.
[4] Disponível em PDF aqui.
[5] Heinrich August Winkler, Alexander Sager. Germany: The Long Road West. English edition. Oxford, England, UK: Oxford University Press, 2006
[6] Heinrich August Winkler, Alexander Sager op.cit.
[7]Essa citação na edição do Mein Kampf, publicado pela Editora Centauro, 2001, p.53

Referências

Blamires, Cipriano; Jackson, Paul. Fascismo mundial: uma enciclopédia histórica, Volume 1. Santa Barbara, Califórnia, EUA: ABC-CLIO, Inc, 2006.
GENRO FILHO, Adelmo. Teoria e revolução (proposições políticas e algumas reflexões filosóficas). In: Teoria & Política. São Paulo, Brasil Debates, 1987 n.8. pp.32-53.
GENRO FILHO, Adelmo; ROLIM, Marcos et WEIGERT, Sérgio.Hora do povo – uma vertente para o fascismo. São Paulo, Brasil Debates, 1980. 55 pp
H. Stuart Hughes. Oswald Spengler. New Brunswick, New Jersey, US: Transaction Publishers, 1992Harris, Abram Lincoln. Race, radicalism, and reform: selected papers. New Brunswick, New Jersey, US: Transaction Publishers, 1989.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o Breve Século XX. (1914-1991). São Paulo, Companhia das Letras, 2003.
TOGLIATTI, Palmiro. Lições sobre o fascismo. São Paulo, 1º vol., Coleção História e Política, Liv, Editorial Ciências Humanas, 1978.

Fonte: Blog Forças Terrestres (aqui) e voyager1.net (aqui)

FAB em Ação - Museu Aeroespacial da Aeronáutica




O FAB em Ação vai levar você para conhecer o Museu Aeroespacial da Aeronáutica, o MUSAL. Veja aeronaves que contam boa parte da história da aviação brasileira e saiba como é o trabalho de restauração de modelos antigos.

Fonte: Canal da FAB no Youtube (aqui)

Meus Comentários:

Visitei este Museu em 1999 e vale muito a pena.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Cordeirópolis sedia 2º Prêmio GMA de Boas Práticas Ambientais

[Originalmente publicada em 28/07/17]


Nossa cidade sediou nesta quarta-feira, dia 26, o evento de premiação do 2º Prêmio GMA de Boas Práticas Ambientais, que ocorreu no teatro Ataliba Barrocas, em Cordeirópolis. Participaram empresas dos setores da indústria, serviços e agricultura que desenvolvem ações em prol da natureza, com o objetivo é reconhecer, estimular e incentivar as atividades desenvolvidas para recuperar, conservar ou melhorar a disponibilidade e a qualidade de recursos naturais e assim tornar-se exemplo para outros negócios que podem usar a idéia ou implantar a mesma prática.

Estiveram presentes no evento o prefeito, José Adinan Ortolan, o 2º vice diretor do CIESP e FIESP Limeira e diretor adjunto do departamento de meio ambiente da sede em São Paulo, o empresário Flaminio de Lima Neto, o coordenador regional de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, Alexandre Vilella, o secretário municipal de Meio Ambiente da cidade de Cordeirópolis, Joaquim Dutra Furtado Filho, o secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cordeirópolis, Marco Gomes, o coordenador do Grupo de Meio Ambiente, Maurício Fahl, o secretário de desenvolvimento rural e meio ambiente de Limeira, Paulo Trigo Ferreira, a secretária da educação de Cordeirópolis, Angelita Ortolan, e Adilson José Rossini, ex-gerente regional da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). “A nossa preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade é diária e deve ser estimulada em todos os segmentos. Quando as indústrias nos dão bons exemplos e investem em boas práticas ambientais, elas demonstram à sociedade a importância da questão para o meio produtivo e nos ajudam também a repensar as nossas práticas para que possamos desenvolver soluções criativas e sustentáveis”, pontuou Adinan.

A cerimônia teve início com a palestra “Água: conhecendo e protegendo”, feita pela Professora Doutora Luciana Cordeiro de Souza Fernandes, da FCA/Unicamp. Participaram gratuitamente do prêmio empresas da jurisdição da regional do CIESP Limeira, que é formada pelas cidades de Limeira, Engenheiro Coelho, Iracemápolis e Cordeirópolis de qualquer porte, associada ou não à entidade. “Projetos como estes inscritos no prêmio mostram que há anos a indústria vem fazendo sua parte e está comprometida com o meio ambiente, promovendo a redução do consumo, reuso da água, diminuição dos resíduos sólidos que seriam enviados ao aterro sanitário, entre outras ações importantes que promovem a sustentabilidade”, comentou Flaminio de Lima Neto. Segundo Alexandre Vilella, o GMA do CIESP Limeira é um dos mais ativos do estado, além de ser o único a promover uma premiação.

Todos os projetos inscritos foram avaliados por uma comissão composta pelos profissionais: Adilson José Rossini – professor universitário e ex-gerente regional da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB de Limeira, Carmenlucia Santos Giordano Penteado, professora da Faculdade de tecnologia da Unicamp, Joaquim Dutra Furtado Filho, secretário de meio ambiente de Cordeirópolis, Juliano Quarterolli Silva, engenheiro agrônomo da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI e Paulo Trigo Ferreira, secretário municipal de desenvolvimento rural e meio ambiente de Limeira.

Ao todo 10 projetos inscritos, dos quais cinco deles tiveram destaque especial através das categorias agronegócio, prestador de serviço, empresa de pequeno porte, médio porte e grande porte. As empresas participantes foram: Ajinomoto do Brasil Ind e Com, AP Losa & Cia Ltda EPP (Gelo Geol), Cezan Embalagens Ltda, Empresas de Transportes Covre, Faurecia Emissions Control, Ind. De Papel Ramenzoni S/A, Indústria Cerâmica Fragnani, Iochpe Maxion S/A, Ripack Embalagens e São Martinho S/A.

Na categoria Agronegócio, o projeto vencedor foi “Concentrando esforços para promover a sustentabilidade na indústria e no campo”, do grupo São Martinho S/A. O projeto foi considerado pela comissão julgadora uma solução inovadora e viável no setor sucroalcooleiro, com inúmeros benefícios ambientais e econômicos e com possibilidade de comercialização de seu subproduto.

Na categoria Prestador de Serviço, o projeto vencedor foi o Programa de redução de consumo de combustível e redução de emissão de gás carbônico, da Empresa de Transportes Covre. Este projeto demonstrou que é possível reduzir custos e melhorar o desempenho ambiental para outras empresas de transportes. O Sistema de gestão de consumo apresentado foi inovador, com excelente custo-benefício, já que o investimento foi relativamente baixo e redução significativa do consumo de combustível.

Na categoria Empresa de Pequeno Porte, o vencedor foi o projeto Eliminação de Descarte de Água Potável, da empresa AP Losa & Cia Ltda EPP (Gelo Geol). Este foi um ótimo exemplo de projeto de baixo custo com excelentes ganhos ambientais. Trata-se de uma tecnologia desenvolvida pelos proprietários por meio de soluções simples e eficientes que obtiveram bons resultados, além do excelente custo benefício.

O destaque na categoria Empresa de Médio Porte foi para o projeto Utilização de Resíduo de Madeira Como Fonte de Biomassa, da empresa Cezan Embalagens Ltda. A empresa mostrou um processo simples com grande potencial de difusão e transferência do conhecimento para outros negócios, além de contemplar e incentivar a logística reversa e a economia de recursos naturais.

Na categoria empresa de grande porte, o projeto vencedor foi Reuso Externo, da empresa Iochpe Maxion S/A, que resultou em ganho ambiental, social e econômico. Um dos pontos fortes foi o envolvimento dos funcionários e público externo nas ações de conscientização e doação do efluente para outras empresas.

Fonte: Prefeitura de Cordeirópolis (aqui)

Estudo contesta crença de que empresário se sai melhor na gestão pública

Fernanda Odilla
Da BBC Brasil em Londres

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Um estudo realizado na London School of Economics (LSE) - uma das mais renomadas universidades do Reino Unido - contesta o argumento de que empresários são melhores administradores públicos.

Instigados pelo anúncio, feito em meados de 2015 pelo então megaempresário do setor imobiliário Donald Trump de que pretendia concorrer à Presidência dos Estados Unidos, dois pesquisadores da universidade londrina resolveram averiguar empiricamente se a experiência na direção de empresas se revertia em boas gestões públicas.

"Na época, muita gente se perguntou se um empresário estaria apto a ser um político melhor. Fomos tentar responder a essa pergunta", diz Eduardo Mello, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas que concluiu este ano o doutorado na LSE.

A pesquisa, ainda em andamento, foca em prefeitos de cidades brasileiras, segundo os autores, por causa do fácil acesso a dados que permitissem comparações adequadas.

Os primeiros achados do estudo indicam que prefeitos que se declararam empresários, comerciantes, vendedores e os que têm cotas ou participam da administração de empresas não são nem mais nem menos eficientes que seus colegas que vieram de outras áreas.

A análise de indicadores de gastos públicos sugere que a performance dos empresários é muito parecida com a dos demais ao executar o orçamento e ao investir em saúde e educação. Homens e mulheres de negócios não são melhores em reduzir o deficit fiscal nem na execução do orçamento, tampouco são melhores em conseguir mais verbas do governo federal.

Analisamos todos os indicadores (que medem a performance de empresários como prefeitos) e nada apareceu como estatisticamente significante", assinala Mello.
"Empresários não produzem indicadores melhores. A princípio, se comportam como todos os políticos."

Mello, que assina o estudo com Nelson Ruiz-Guarin, também da LSE, cruzou dados de fontes diversas, como Tribunal Superior Eleitoral, Receita Federal, DataSus, e Censo Escolar.
Os pesquisadores analisaram dados de candidatos eleitos prefeitos em cinco eleições, entre 2000 e 2016. Por meio de regressões estatísticas, eles selecionaram municípios com cenários de disputa acirrada entre um empresário e outro candidato e depois compararam o desempenho dos prefeitos - levando em conta diferentes variáveis.

Assim, selecionaram cerca de 200 a 300 municípios por eleição. Em nenhum dos cruzamentos, contudo, foram identificados sinais de que empresários no comando de prefeituras melhoraram as contas públicas.

Mello disse à BBC Brasil ter se surpreendido com os resultados, pois acreditava que a experiência pregressa em administração poderia fazer uma diferença.

"É uma premissa na qual os eleitores acreditam tanto", afirmou o pesquisador. "Mas parece que é um mito. Precisamos repensar quais são as habilidades que formam um bom prefeito."

Mello disse que ainda quer averiguar se há diferença significativa entre a performance dos empresários de primeiro mandato e a dos que estão na política há mais tempo. Ainda assim, ele considera que dificilmente os resultados principais do estudo vão mudar.

Respostas à crise

Comentando a pesquisa, o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda observa que a aposta eleitoral em um candidato que não se parece com um político tradicional é um fenômeno mundial que normalmente surge como resposta à uma crise política ou de representatividade.

Ele cita o caso do italiano Silvio Berlusconi, magnata da mídia e dono de time de futebol que foi eleito premiê depois que a Operação Mãos Limpas investigou e prendeu políticos de diferentes partidos na Itália por corrupção.

Lavareda atribui a vitória de Trump nos EUA ao fato de que boa parte do eleitorado não se via representada por nenhum político de carreira.

"Toda vez que há uma crise política, é comum a busca por alternativas. Empresários e técnicos são beneficiados com esse discurso de não ser político e de saber administrar", observa Lavareda.
Segundo o sociólogo, há ainda a crença, "no imaginário do eleitor, de que um empresário rico não roubaria os cofres públicos porque já fez fortuna no mundo dos negócios", e lembra que muitos empresários se deram bem nas urnas e moldaram carreiras na política.

Lavareda cita os nomes do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), um dos donos da Eucatex, e dos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), da família que controla uma rede de shoppings e uma empresa de telefonia, e Blairo Maggi (PP-MT), magnata da soja. Maggi atualmente é ministro da Agricultura do governo de Michel Temer.

Por outro lado, dinheiro e experiência não são garantia de votos, lembra Lavareda, citando o caso do empresário Antônio Ermírio de Moraes, que foi um dos homens mais ricos do Brasil, mas perdeu a eleição para o governo do Estado de São Paulo em 1986.

"Ter empresários e técnicos na política não é um fenômeno tão singular, é natural e esperado", salienta Lavareda.

Eduardo Mello, o coautor do estudo da LSE que avalia o desempenho de empresários no Executivo municipal, salienta que "o Estado não é uma empresa". "O objetivo do Estado não é gerar lucro. Não tem clientes, mas precisa cuidar de cidadãos. E negociar com o Legislativo não é o mesmo que tratar com fornecedores", avalia Mello.

Dificuldades

De fato, administrar uma prefeitura, por exemplo, pode estar longe de ser uma tarefa fácil para um empresário experiente.

Em julho deste ano, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), entrou ao vivo no Facebook para fazer um balanço do início de seu governo. Dono de construtora e ex-presidente do Atlético Mineiro, Kalil disse que "tá f*da" cumprir as promessas feitas na campanha.

"Estamos aqui trabalhando para burro. Não somos o melhor do mundo, não somos o pior do mundo. A única coisa que aqui não tem é que ninguém está delatado, ninguém vai ser delatado", disse, admitindo as dificuldades e salientando que na sua equipe ninguém teve o nome associado à corrupção.

Kalil foi um dos empresários que se elegeu em 2016 com o discurso de que não era político. A estratégia também funcionou em São Paulo, onde João Doria, que é dono de empresa, usou a mesma retórica para conquistar a cadeira de prefeito pela primeira vez.

Fonte: BBC Brasil (aqui) / Imagem (aqui)