terça-feira, 25 de junho de 2013

Papa Francisco prepara sua primeira encíclica sobre a pobreza

O documento, que mira a conjuntura de crise econômica global e especialmente europeia, tem semelhança com encíclica de 1967 feita pelo papa Paulo VI. Texto reafirmará a tese de que progresso não é sinônimo de desenvolvimento integral e sustentável. A reportagem é de Dermi Azevedo

O Papa Francisco prepara a sua primeira encíclica sobre a pobreza. A carta pontifícia poderá chamar-se "Beati Pauperes" ("Bem-aventurados os pobres"), uma frase de Jesus Cristo no sermão das bem-aventuranças.

O documento reafirmará a tese da Igreja Católica Romana e das demais Igrejas Cristãs que mantêm o diálogo ecumênico de que progresso não é sinônimo de desenvolvimento integral e sustentável.

Essa análise já foi feita pelo papa Paulo VI em sua encíclica "Populorum Progressio", de 1967, que propõe um modelo de desenvolvimento de "todo ser humano" (isto é, do homem e da mulher, em todas as suas dimensões materiais e espirituais) e de "todos os homens"), ou seja, da humanidade como um todo.

O novo documento adotará uma posição crítica diante do processo de mundialização econômica, por considerar que essa dinâmica não tem resultado em uma maior equidade nas relações econômicas entre países desenvolvidos e em processo de desenvolvimento.

O contexto da nova encíclica é o agravamento da crise internacional que atinge duramente e em particular a Europa.

"Todo o sistema"
Uma prévia sobre o conteúdo da nova encíclica foi dada pelo papa no encontro que manteve com os membros da Fundação Centesimus Annos, criada pelo papa João Paulo II há 20 anos. Nessa ocasião, Francisco afirmou que são necessárias "mudanças profundas" no sistema econômico mundial, acrescentando que "o desemprego cresce como uma mancha de óleo, ampliando as fronteiras da pobreza".

Ao constatar que "alguma coisa não anda no mundo", o papa afirma "é preciso repensar todo o sistema tornando-o coerente com os direitos de todos os seres humanos".

Francisco foi enfático em seu discurso ao afirmar que "seguir os ídolos do poder do lucro, do dinheiro, situados acima dos valores da pessoa humana, tornou-se uma norma fundamental... não é possível esquecer-se que, além dos negócios e da lógica desses parâmetros, existe o ser humano e que algo lhe é devido em razão de sua profunda dignidade".

Fonte: Carta Maior (aqui)

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