Interessante o video abaixo produzido pela Folha (clique aqui) sobre o caos que os moradores do Alphaville estão vivendo atualmente.
Compraram (e pagaram caro) imaginando que estariam longe dos problemas da capital e 20 anos depois estão convivendo com esses mesmos problemas novamente, como falta de água, esgoto não tratado, trânsito caótico e falta de serviços de manutenção.
O que não entendi vendo o filme é:
1 - como eles estão vivendo essas situações em um condomínio fechado? -> não deveriam eles mesmos gerirem o seu convívio?
2 - Por que eles culpam o Poder Público? Quem compra um lote num condomínio fechado, não está querendo alforria de algumas obrigações do Poder Público e por consequência assumir a gestão de sua organização local? Ou seja, proibiram o acesso do resto da população, privando-os do direito de ir-e-vir para manter o seu local?
3 - Por que tem gente que acha que construindo uma ilha da fantasia, estarão salvos dos problemas sociais que nosso país tem como fruto de décadas de descaso, desigualdade social e corrupção? Você pode colocar o pobre para fora, mas os problemas sociais continuarão...
Eu, particularmente, sou contra os condomínios fechados, pois entendo que eles fragmentam ainda mais a cidade, causando mais problema de trânsito, criam uma cultura de exclusividade, que por consequência, fazem as crianças criadas nestes espaços que elas não devem se relacionar com o diferente e não precisam assumir a responsabilidade para melhorar o nosso convívio social, e acirra mais os preconceitos, pois quem está dentro, acha que os de foram não deveriam existir e os que estão fora, podem facilmente culpar os de dentro pelos problemas.
Neste aspecto, sou totalmente à filosofia que o arquiteto Oscar Niemeyer utilizou na construção do edifício COPAN em São Paulo, onde num mesmo condomínio, pobres, ricos e classe média devem conviver, fazendo deste pequeno espaço um laboratório de convivência social.
Infelizmente, pensamentos como esses ficaram para a década de 1950 e vemos mais como amostras de um mundo possível, e não como obrigação.
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