Nova Lista enumera 874 espécies ameaçadas, 337 presumivelmente extintas
Pinheiro-brasileiro, uma das espécies em risco (Araucaria angustifolia), Parque Estadual de Campos do Jordão. Foto de Haroldo Kalleder (CC BY-SA 3.0) |
O Brasil é um dos países de maior diversidade no mundo com uma flora que abriga cerca de 41.000 espécies. No estado de São Paulo estima-se a ocorrência de cerca de 9.600 espécies de plantas. Nesse contexto, a lista oficial de espécies vegetais ameaçadas de extinção assume importante papel para a execução de políticas públicas, visando à recuperação de áreas degradadas e à conservação da biodiversidade.
A primeira versão da lista, elaborada em 1989, foi atualizada em 2004 e agora, novamente, em 2016. O Instituto de Botânica coordenou o trabalho que contou com a participação de especialistas, professores universitários e pesquisadores, com profundo conhecimento da flora paulistana.
Em sua nova versão, publicada em 7 de junho, a Lista apresenta 874 espécies ameaçadas, sendo 337 presumivelmente extintas, 15 extintas na natureza, 54 em perigo crítico, 193 em perigo e 275 vulneráveis (ver tabela com porcentagens abaixo). A grande novidade desta lista foi a inclusão de espécies do grupo das briófitas, popularmente conhecidas como musgos, com 76 espécies ameaçadas, de um total estimado de 900 espécies de briófitas para o estado de São Paulo.
Status de conservação 2004 2016 (sem briófitas) % aproximada 2016 (com briófitas)
EX 393 289 diminuiu 25% 337
EW 14 15 aumentou 7% 15
CR 23 54 aumentou 135% 54
EN 185 191 manteve 193
VU 471 249 diminuiu 50% 275
Total 1086 798 diminuiu 25% 874
As principais atualizações
Com o aumento do conhecimento científico sobre nossa flora nos últimos 12 anos, muitas das espécies incluídas nas duas últimas listas, foram descritas como novas apenas em anos recentes, ou seja, sequer sabia-se da existência delas quando a primeira lista foi elaborada em 2004. Outro importante ponto é que com esse esforço maior de coleta, lacunas de conhecimento em áreas pouco coletadas foram preenchidas e espécies que não haviam sido amostradas nos derradeiros 50 anos foram reencontradas, como, por exemplo:
a) as realizadas dentro do projeto “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo” e do projeto temático financiado pela FAPESP “Fauna e flora de fragmentos florestais remanescentes da região noroeste do Estado de São Paulo”;
b) As atividades de levantamento, resgate e restauração da flora oriunda das áreas das obras do trecho sul e norte do Rodoanel Mario Covas;
c) a criação de Unidades de Conservação, vez que, estar ou não em áreas protegidas é um dos critérios para se considerar uma espécie ameaçada;
d) o processo de restauração ecológica adotado no Estado, com políticas públicas para o setor e recomendação de plantio com alta diversidade de espécies também contribuíram para este cenário.
A importância da Lista de Espécies para a conservação
Atualmente, estima-se que a extinção em nível global seja 1.000 vezes maior que o índice histórico e que o ritmo de extinção seja muito mais acelerado que o ritmo da ciência na identificação e descrição de novas espécies. As principais atividades humanas responsáveis pela extinção são: a destruição de habitat, matança ou coleta excessiva, introdução de espécies exóticas e cadeias de extinção (extinção de algumas espécies implica no desaparecimento de outras).
Essas listas são essenciais para a conservação, fornecem informações-chave sobre o estado dos nossos biomas e orientam ações governamentais e privadas voltadas para conservação. Essas listas são também instrumentos norteadores para políticas públicas, como por exemplo, na escolha de áreas para implantação de unidades de conservação, na definição de áreas de reservas legais, em zoneamentos ecológicos-econômicos etc. Constituem ainda ferramenta de suporte para análise de impactos ambientais, nos trabalhos de restauração de áreas degradadas e de orientação de resgate de espécies e sua conservação ex-situ, sendo de grande importância no planejamento de grande obras e empreendimentos, podendo, por exemplo, alterar traçados de rodovias, ferrovias entre outras. As listas também representam instrumentos eficientes para a identificação e o mapeamento de áreas degradadas ou em processo de degradação, permitindo a quantificação prática de perda de biodiversidade e orientando as tomadas de decisões.
A lista de espécies ameaçadas é importante para nortear as Políticas Públicas da SMA no gerenciamento de conflitos entre empreendedores, na aplicação segura da legislação ambiental e agilização dos processos que tratam de supressão ou manejo da vegetação. Além de auxiliar nos licenciamentos de Plano de Manejo em Unidades de Conservação (UCs); Laudos e licenças para desmatamentos; Sanções drásticas e corretivas – Lei de Crimes Ambientais; Termos de Ajustamento de Conduta (TACs); Mercado Consumidos –Série ISSO 14.000; Resoluções Normativas da SMA, Consema e Conama.
Para conferir a atualização da lista das espécies ameaçadas, acesse: DOE parte 1, DOE parte 2, DOE parte 3
Fonte: Site da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (aqui)
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