quarta-feira, 6 de julho de 2011

Exemplo de interação Sociedade x Poder Público.

Raio X aponta que bairro foi 'esquecido'

Córrego da rua Jatobá: poluído e perigoso/Maurício R. Martins

Levantamento realizado pelo Jornal de Limeira e pela Amviq (Associação de Moradores da Vila Queiroz e Adjacências) aponta situação de abandono na Vila Queiroz, um dos bairros mais tradicionais da cidade. Prédios ocupados por andarilhos, terrenos baldios, tráfico de drogas, trânsito perigoso e estruturas urbanas em estado precário revelam que a região foi "esquecida" pela administração pública.

"Temos várias reivindicações para áreas que não tiveram nenhuma melhoria nos últimos anos", afirmou o secretário da Amviq, Luis Roberto Carpini Lotério, 45 anos.

Foi justamente uma destas reivindicações - solução para um posto de gasolina abandonado na avenida Laranjeiras - que desencadeou a criação da Amviq (leia texto nesta página). "As pessoas se uniram para tentar mudar esse quadro. Contamos com o apoio maciço da população, que já resultou na assinatura de 600 pessoas em documento protocolado na Promotoria de Meio Ambiente para resolver a situação do posto", disse Loterio.

Na tarde de ontem, acompanhado de Loterio, o Jornal de Limeira visitou os principais alvos de reclamações no bairro.

O primeiro deles foi o posto de gasolina abandonado, que abrigava cinco andarilhos. Mergulhado na sujeira e sob risco de incêndio permanente - o último deles registrado anteontem -, o prédio está cheio de entulho, detritos, pichações e o mato já tomou parte da estrutura. "Na última chuva, o reservatório do posto ficou cheio e colocou todo mundo sob risco de pegar dengue. Fui lá e derramei água sanitária", contou o comerciante Osmar Inácio Faria, 65.

Morador do bairro há 30 anos, Faria trabalha em frente ao posto. Seu estabelecimento também acabou virando "pousada" improvisada. "Tem um andarilho que até estende roupas aqui. Mas é tranquilo, então nem reclamo", disse.

Segundo ele, um terreno baldio na rua Jequitibá poderia ser melhor utilizado pela prefeitura. Na mesma rua, há outra área em semelhante situação, só que particular. No terreno da prefeitura, a Amviq sugere a criação de uma praça de esportes.

Na rua Jatobá, próxima do terreno abandonado, há um córrego que já provocou desabamentos. O risco de novos deslizamentos ocorrerem foi reduzido por um muro de contenção. A poluição e a insegurança da área, porém, fazem com que a Amviq peça mudanças. "O córrego é malcheiroso. Na estiagem, fica pior", declarou Loterio.

UBS está em situação precária

O prédio da UBS (Unidade Básica de Saúde) da Vila Queiroz está num processo de deterioração que impressiona quem o observa. Nem a placa de metal com o nome do posto existe mais. Descascadas, as paredes já perderam praticamente toda a pintura. Nos fundos, um matagal começa a se formar. "Um local que zela pela saúde das pessoas não pode ficar desse jeito", indignou-se o secretário da Amviq (Associação de Moradores da Vila Queiroz e Adjacências), Luis Roberto Carpini Loterio.

Loterio também mostrou indignação com a precariedade de uma passarela na rua Antonio Brugnaro sob a qual passa um córrego. Segundo ele, o local não tem iluminação e costuma ficar bastante sujo. "Esta área precisa de urbanização." (CKV)

Prefeitura multa dono de posto

Após mais de um ano abandonado, o posto de gasolina alvo de reclamações dos moradores da Vila Queiroz começa a receber atenção mais específica da Prefeitura de Limeira. De acordo com a Secretaria de Comunicações, o proprietário do posto foi autuado porque não acatou as notificações para fechamento do posto.

A informação consta em resposta enviada à Promotoria de Meio Ambiente, que oficiou a prefeitura sobre a situação do posto. Os processos, segundo a secretaria, estão sob análise do Jurídico. "É complicado. A prefeitura não pode derrubar o prédio porque é uma área particular. Quanto aos andarilhos, o Ceprosom chegou a fazer abordagem. Agora, sobre as notificações e a multa, a prefeitura vem trabalhando respeitando os prazos que existem para o proprietário se defender", informou em nota a assessoriade imprensa da prefeitura. (CKV)

Trânsito preocupa associação

Fundada em maio, a Amviq (Associação de Moradores da Vila Queiroz e Adjacências) também reivindica melhorias no trânsito do bairro. Sugere ainda a criação de um centro comunitário em terreno vazio ao lado da escola Maria Tereza de Barros Camargo.

No trânsito, a associação sugere a construção de um pontilhão que dê acesso à região do Parque Egisto Ragazzo. A intenção é desafogar o tráfego da rotatória no final da avenida Laranjeiras. As obras teriam impacto sobre a passarela do Anel Viário. "É preciso fazer adaptações nesta região", disse o empresário Luis Roberto Carpini Loterio, secretário da Amviq.

Loterio também sugere um prolongamento da rua José A. de Campos, permitindo acesso a outros bairros de pedestres e veículos. O empresário acredita que o local onde o posto de gasolina abandonado (antigo Jatiúca) está poderia ser ocupado pela Base da Guarda Municipal que fica em prédio da rua Jatobá. (CKV)

Prefeitura estuda obras no bairro

Solicitações da Amviq (Associação de Mordores da Vila Queiroz e Adjacências) foram encaminhadas aos setores responsáveis da Prefeitura de Limeira.

De acordo com a Secretaria de Comunicações, o pedido de prolongamento da rua José A. de Campos já foi enviada às secretarias de Agricultura e Obras, o que também ocorreu com o pedido de criação de um centro comunitário no terreno ao lado da escola Maria Tereza.

A sugestão de construir área de lazer no terreno ao lado do córrego foi encaminhada à Secretaria de Meio Ambiente para verificação e estudo. Pontilhão como rota alternativa foi para Obras e Transportes.

Segundo a Secretaria de Comunicações, a rotatória já está recebendo obras - o barranco estaria sendo diminuído e reforçado para que seja feita a duplicação (acréscimo de faixa na via). A presença de agentes de trânsito na avenida Laranjeiras também foi solicitada.

A passarela da rua Antonio Brugnaro será avaliada pelas secretarias de Agricultura e Meio Ambiente. O córrego terá vistoria do SAAE e da Secretaria do Meio Ambiente. Também será avaliada a situação da UBS do bairro pela Secretaria da Saúde. A sugestão de mudança da base da GM está sendo avaliada pelo setor jurídico e pelas secretarias de Planejamento e Urbanismo e Segurança Pública. Para instalar a base no local do posto, teria que haver desapropriação.

Fonte: Jornal de Limeira (aqui)

MEUS COMENTÁRIOS:

Essa reportagem mostra uma interessantíssima forma de interação Sociedade e Poder Público.

A sociedade entra com as necessidades apontando soluções. E a Prefeitura retorna com as obras e com as justificativas nos casos em que não seja possível executá-las.
Como respostas teóricas a Prefeitura já deu o primeiro passo. Vamos ver se isso continua. Limeira só tem a ganhar!

Oxalá, Limeira tivesse mais bairros com atuações semelhantes. Sei que existem outros bairros com associações atuantes, mas ainda não é uma regra geral em Limeira.

Deveria ser o mantra da Administração Pública:  

"Transparência, Participação Popular e Gestão"

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