Mariana Carneseca, da Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais (SSRF), realiza trabalho de campo em Limeira. |
Em 2016, a prefeitura de Limeira foi contemplada com cerca de R$ 2 milhões pelo Fundo Nacional do Meio-Ambiente (FNMA), do governo federal, para investir em um projeto de recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APP) da sub-bacia do Ribeirão Tabajara, uma imensa área (10 mil hectares) contendo rios que são responsáveis pelo abastecimento da cidade e de municípios vizinhos.
Por meio do Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios (Patem), a prefeitura procurou a Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais do IPT, que estabeleceu uma parceria com a Seção de Investigações, Riscos e Desastres Naturais, também do IPT, para ajudá-la. O projeto inicial enviado ao FNMA era recuperar uma área de 400 hectares de mata ciliar (cobertura vegetal nativa que fica às margens de rios, igarapés, lagos, olhos d´água e represas) já delimitada e que não pode ser utilizada para nenhum fim ‘produtivo’.
A área, no entanto, é repleta de propriedades que utilizam o solo de diversas maneiras: há desde pequenos sítios com agricultura de subsistência, pecuária e citricultura, até grandes propriedades com terras arrendadas para cultivo de cana-de-açúcar. “Eles precisavam recuperar a mata ciliar por meio de plantio de espécies nativas, mas não conheciam a situação ambiental da área, o que tinha que plantar, como plantar e se realmente o plantio era o melhor método de restauração da mata ciliar, ou mesmo se era possível cercar a área e deixar que a vegetação crescesse sozinha, a chamada ‘regeneração natural’. Eles precisavam de um diagnóstico ambiental”, explica a pesquisadora Mariana Carneseca Longo, do IPT.
Entre junho e dezembro do ano passado, uma equipe de 12 técnicos do IPT dividiu o tempo entre vistorias de campo, reuniões técnicas e análises no escritório e, enfim, entregou à cidade um diagnóstico da situação atual e um relatório com o que precisa ser feito para o projeto sair do papel. Para isso, entre diversas outras atividades, os pesquisadores mapearam as áreas naturalmente úmidas, dividiram-nas em sete compartimentos hidrográficos – com diferentes características naturais – e se dedicaram a estudar pequenas áreas delimitadas de cada um deles.
DIAGNÓSTICO
Foi possível elaborar ‘pontos de reconhecimento’, ou seja, espaços dentro das áreas delimitadas onde a equipe coletava dados, analisava os aspectos físicos e biológicos e planejava as propostas a serem apresentadas no relatório final. No total, foram observados 34 pontos de reconhecimentos geralmente localizados em pequenas propriedades.
Foi possível elaborar ‘pontos de reconhecimento’, ou seja, espaços dentro das áreas delimitadas onde a equipe coletava dados, analisava os aspectos físicos e biológicos e planejava as propostas a serem apresentadas no relatório final. No total, foram observados 34 pontos de reconhecimentos geralmente localizados em pequenas propriedades.
Por meio deles, foi possível perceber que a área não estava tão mal conservada como se imaginava no início, por conta da preocupação histórica da cidade com a região, e que as margens dos rios, cuja ação estava no projeto da prefeitura para o plantio de mata ciliar, estavam alagadas. “São campos úmidos que resultaram de ações do passado. Imagens do satélite foram avaliadas e percebeu-se que eram áreas alagadas há 50 anos pelo menos”, explica Mariana.
Por conta disso, o IPT apontou à administração que aquela área não poderia fazer parte do projeto de plantio estipulado inicialmente. Em outras palavras: a prefeitura precisaria delimitar outras áreas dentro da sub-bacia para congregar os 400 hectares de reflorestamento prometidos ao Fundo Nacional do Meio-Ambiente. “Foi um diagnóstico importante para viabilizar a ideia deles”, diz a pesquisadora.
O trabalho do IPT também permitirá à prefeitura produzir e entregar a cada morador da região uma espécie de ‘receita’ indicando os passos para a recuperação e a preservação da mata ciliar. O sucesso do projeto foi tão grande que, após a entrega do relatório ao cliente, o IPT o apresentou à Agência de Bacias PCJ, órgão do Estado de São Paulo que administra algumas das bacias da região, por indicação da própria administração municipal. “Eles gostaram tanto do resultado que organizaram uma reunião exclusiva com a agência. Esse encontro está abrindo portas para outros projetos, principalmente por causa da metodologia empregada”, finaliza Mariana.
Fonte: Site do IPT (aqui)
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