FABRÍCIO LOBEL, 28/12/2016 02h00
Um levantamento feito pela Sabesp apontou que existem 318 endereços considerados grandes geradores de esgoto e que não estão conectados à rede coletora da empresa na cidade de São Paulo.
Fazem parte desse grupo imóveis que consomem mais de 50 mil litros de água por mês e não possuem a ligação. Para efeito de comparação, uma casa com quatro pessoas, antes da crise hídrica, registrava, em média, consumo de 20 mil litros mensais.
Entre os locais em situação irregular apontados estão o estádio da Portuguesa, o Canindé, e a sede do clube, na marginal Tietê; condomínios; uma mansão no Morumbi; uma academia e uma igreja.
Todos eles estão em lugares onde já há rede coletora, mas os imóveis não foram conectados. Cabe ao dono do imóvel ligar seu esgoto à estrutura de saneamento.
A Sabesp calcula que 65 mil imóveis estão nesta situação na cidade sem necessariamente serem grandes geradores de esgoto. Na região metropolitana, são 160 mil e no Estado, quase 240 mil.
No último mês, o Tribunal de Justiça de SP notificou os 318 imóveis para negociarem com a Sabesp. A punição em caso de não cumprimento cabe à prefeitura (multa) ou ao Ministério Público (indiciamento por crime ambiental).
Estima-se que os 318 endereços nessas condições gerem mensalmente 72,8 milhões de litros de esgoto. Os dejetos na maioria das vezes deságuam os rios e córregos.
Um estudo do Instituto Trata Brasil aponta quais os principais motivos alegados por donos de imóveis para não se conectarem à rede.
Entre eles estão o desconhecimento da irregularidade ou o desejo de evitar uma obra e a tentativa de não pagar a taxa do esgoto, que pode dobrar uma conta que contenha apenas a cobrança pelo serviço de água.
MANSÃO
Um dos endereços notificados pelo TJ é uma casa em área nobre no Morumbi, de cerca de 680 metros quadrados e piscina. Dono da casa há 15 anos, Francisco da Silva diz que não sabia que sua casa não estava ligada à rede coletora.
Segundo ele, sua conta de água média é de R$ 800, o que significa um consumo médio de 120 mil litros de água mensais. Ele negociou com a Sabesp a regularização.
Outro endereço listado como esgoto irregular é um condomínio com 140 unidades na Vila Formosa, zona leste, com geração média de 5 milhões de litros de esgoto mensais. O administrador do prédio Wagner Medina Alonso explica que sua empresa assumiu há
pouco tempo a zeladoria e que já havia procurado a Sabesp para regularizar a situação.
Para saber se o imóvel está conectado à rede de esgoto basta observar na conta no canto superior qual é o tipo de ligação do local.
Na lista dos endereços notificados pelo TJ, o mais famoso é o Canindé.
Representantes da Portuguesa não estiveram presentes em negociações com a Sabesp.
O clube informou que está apurando se a cobrança feita pela empresa é devida ou não. A Portuguesa não informou seu consumo mensal de água e nem qual o destino dado ao seu esgoto.
ATRASO
Embora tenha que lidar com ligações irregulares de esgoto, a Sabesp também está atrasada em seu plano de universalizar o saneamento no Estado de SP.
Em 2013, a empresa anunciava que, até o final de 2014, todas as cidades atendidas pela Sabesp no interior estariam com 100% de coleta e tratamento de esgoto. Na Grande SP, a meta era concluir a cobertura de esgoto até 2018.
O índice atual, no entanto, é bem distante da meta: 86% da população paulista tem esgoto coletado e apenas 67% tem esgoto tratado, segundo dados da empresa de 2015.
Cidades como Vargem Grande Paulista e Itapecerica da Serra, na Grande SP, só coletam 24% do esgoto.
A Sabesp alega que a crise hídrica de 2014 forçou a readequação do seu investimento no setor de esgoto, que antes era prioritário.
Na região metropolitana de São Paulo, a empresa estima que, em 2017, concluirá a ampliação da Estação de Tratamento de Barueri, a maior do Estado.
Fonte: Folha de São Paulo (aqui)
Imagens: Internet - Infográfico SABESP (aqui)
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