Segundo a pesquisa, quem mora na zona urbana já não vê os trabalhadores do agronegócio com estereótipos, mas ainda é preciso melhorar a percepção que a cidade tem do campo
São Paulo - Uma pesquisa inédita realizada pelo núcleo de estudos do agronegócio da Escola Superio de Propaganda e Marketing (ESPM) mostra que os habitantes de grandes centros urbanos têm uma percepção razoável sobre o avanço no interior do Brasil. Mas ainda há muito a ser explorado. "Nos últimos 30 anos, a sociedade urbana mudou muito, e a agrícola também. E elas ainda não se conhecem, mas isto precisa acontecer", diz o professor José Luiz Tejon, coordenador do estudo.
O estudo envolveu, ao todo, 93 pessoas, todas moradoras da cidade de São Paulo, e foi realizado em duas etapas. Na primeira, 16 pessoas da chamada classe C participaram de um debate em grupo sobre o tema "agronegócio". O resultado da discussão, segundo Tejon, foi positivo, ainda que estereotipado. "Embora já apareçam noções de que a produção agrícola envolve alta tecnologia e gera riqueza para o país, há contradições. O homem do campo ainda é visto como uma figura despreparada. Há um grande contraste de percepções", diz Tejon.
Na segunda fase, 77 pessoas das classes A e B foram submetidas a questões sobre o tema da pesquisa. A maioria (69%) soube definir precisamente a ideia de agronegócio. Quase 80% dos participantes afirmaram que, sem o agronegócio, o Brasil não teria condições de alimentar sua população urbana.
A pesquisa mostrou ainda que, embora os entrevistados tenham bons conhecimentos sobre um dos principais motores da economia brasileira, eles não necessariamente enxergam oportunidades no agronegócio. Quase 84% dos entrevistados reconhece que as atividades no campo oferecem boas perspectivas de empregos. Mais de 70% dos participantes veem na agricultura um grande potencial de pesquisa, desenvolvimento e marketing. Entretanto, 66% nunca pensou no agronegócio como uma opção de carreira ou de investimentos.
Informação
Os resultados gerais surpreenderam os pesquisadores. "Não esperávamos este nível de percepção, principalmente por parte da classe C. Isto mostra que esta faixa de renda não só tem mais acesso à informação, como também se interessa pelo crescimento do país, e pelos setores que estão ligados a isto", afirma Tejon.
O especialista diz ainda que alguns estereótipos antigos ligados ao campo estão desaparecendo. Para Tejon, a importância deste aumento na percepção que as áreas urbanas têm do interior - e que a própria zona rural tem de si mesma - é fundamental para o desenvolvimento econômico do país.
"À medida que o nível de informação aumenta e você começa a notar sinais concretos de avanço, aparecem também os contrastes. Há lugares com uma estrutura de distribuição inteligente, educação avançada, governança evoluída. E, de repente, o município vizinho pode ser um lugar sem condições de saúde e educação. Mas com uma percepção maior, os lugares mais atrasados podem fazer comparações e movimentos de imitação para o desenvolvimento."
Fonte: Portal Exame (aqui)
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Eu passei também por essa situação. Por ser um urbanóide, nunca passou pela minha cabeça atuar na área agrícola, pois pela minha experiência familiar onde parte de minha família trabalharam como colonos e como boias-frias, as experiências retratadas não eram boas.
Estudar na ESALQ demonstrou que minha visão não estava correta, mesmo que à base de muitos preconceitos.
Quando entrei para o IGEAgro, não sabia o que encontraria, e 5 anos depois, vejo que foi muito salutar e de um aprendizado incrível.
Com as experiências vejo que sim, o mundo agrícola é bem desenvolvido e com grandes perspectivas, mas como tudo no Brasil, o moderno encontra-se ao lado arcaico.
Existem problemas fundiários, problemas sociais e ambientais, mas isso encontramos em todos os setores também. Existem inúmeros casos de pessoas que estão longe dessa situação e que agem de modo visionário. Eu vivi várias situações como essas.
Na minha opinião, a população urbana brasileira tem muito que conhecer ainda sobre o setor agrário. Há vários pontos que estamos muito mais desenvolvido que qualquer país europeu.
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