Em 1968, uma campanha da TFP (Tradição, Família e Propriedade) juntou, de Norte a Sul, um milhão de assinaturas pedindo a expulsão do padre Joseph Comblin.
Belga que por aqui adotou o nome de José, ele era um homem tímido. Dez anos antes da campanha, chegara a Campinas (SP), já doutor em teologia, para dar aulas.
Na década de 60, passou pelo Chile e voltou em 1965, a convite de dom Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, para ser seu assessor.
Como lembra o padre José Oscar Beozzo, teólogo e historiador, padre Comblin era bem radical em suas críticas. Em 1968, ele redigiu um documento sobre a situação da América Latina. O texto, interno, acabou vazando.
Comblin, um dos mais destacados nomes da Teologia da Libertação, foi considerado subversivo, mas permaneceu no país. Até 1971.
Naquele ano, ao voltar de uma aula dada na Bélgica, foi barrado e expulso. Exilou-se no Chile, de onde teve de sair com a ascensão de Pinochet. No Equador, trabalhou com indígenas e traduziu a Bíblia para o quíchua. Voltou definitivamente nos anos 80.
Autor, entre outros, de "A Ideologia da Segurança Nacional" e "Teologia da Enxada", trabalhou com camponeses na Paraíba, pondo em prática a ideia de que a formação teológica não deveria separar a pessoa do trabalho.
No fim de 2010, o Estado, enfim, suspendeu simbolicamente a ordem de expulsão.
Ele vivia em Barra (BA). Morreu no domingo, aos 88, de infarto. Pediu para ser enterrado na Paraíba, ao lado do padre Ibiapina, cuja atuação ele considerava modelo.
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