do amigo, Wagner Gonçalves
Após dez anos, a lagoa usada como ponto de descarte de lixo e entulho
transformou-se referência quando a questão é sustentabilidade. A
revitalização ocorreu gradualmente por iniciativa dos moradores dos
bairros que cercam a área e hoje recebe famílias para momentos de lazer e
atividades desportivas. Além disso, o Parque Ecológico tornou-se um
ambiente favorável à sobrevivência de flora e fauna, atraindo animais
para ali viver.
João Teixeira de Oliveira, 57, mais
conhecido como “Jão da Capivara” não tem esse apelido em vão. Morador do
Jardim do Lago há quase 30 anos, há alguns anos é voluntário para
tratar das capivaras que vivem no Parque Ecológico em Limeira. “Vem
bebê” e, logo após, um assovio… Não demora muito para que as capivaras
venham até ele. “Elas já conhecem a minha voz e sabem que venho para
tratar”, contou Oliveira sobre sua rotina diária para alimentar os
animais. Ao todo são mais de 12 capivaras que vivem no espaço, incluindo
três filhotes. Os animais vivem soltos e aparecem poucas vezes à luz do
dia, o que desperta o interesse de muitos que passam pelo local e param
para ver a novidade. “Muitas pessoas param para tirar fotos”, contou o
tratador voluntário.
Quando viera para o bairro, em 1984, havia
poucas casas e o bairro era famoso pela lagoa no local, e por isso levou
o nome de Jardim do Lago. “Mas depois das casas construídas, começaram a
jogar lixo e em pouco tempo o lugar foi transformado em, praticamente,
um lixão”, disse Oliveira.
A pedagoga Claudineia Aparecida Morais do
Amaral foi diretora da Associação de Moradores do Jardim Aeroporto –
bairro que se encontra do outro lado da lagoa – e conta que durante a
formação dos bairros, a Prefeitura esvaziou as lagoas, em 1997, devido
ao despejo de esgoto. “Deixou o espaço em absoluto abandono”, disse
Claudineia, o que resultou em ponto de descarte de lixo, entulho,
materiais tóxicos.
“Uma situação deplorável”, exclamou a
pedagoga mencionando haver proliferação de roedores, infestação de
parasitas, além do aspecto visual e o mau-cheiro. Em 1999, houve
projetos educativos ambientais, com o plantio de árvores, no entanto as
árvores não resistiam à degradação.
Em 2004, a associação discutia assuntos
referentes à água, motivados pela Campanha da Fraternidade, na qual a
Igreja Católica propôs uma reflexão a respeito deste tema. Claudineia
conta que depois de constatado problema de degradação ambiental
evidente, a associação passou a discutir maneiras de intervir no local,
que envolvia uma nascente. “O objetivo foi iniciar uma mobilização
social local, para posteriormente cobrar ações do poder público”,
ressaltou Claudineia.
Pensando em obter um espaço para
brincadeiras e atividades com as crianças mobilizaram mutirões para a
limpeza do espaço, envolvendo-as na atividade. Claudineia conta que em
um sábado, 83 crianças participaram, retirando o equivalente a três
caminhões de lixo. No mesmo fim de semana, no domingo, houve um
campeonato de pipa. “Assim conseguimos despertar a atenção dos moradores
para a recuperação tão necessária daquela área pública”, relata.
Um ponto de encontro para moradores da
região, escolas e igrejas foi se tornando um parque para lazer, em que
aconteciam também jogos de vôlei e futebol.
Contudo, as melhorias limitavam-se ao
trabalho voluntário dos envolvidos com os projetos. Alguns projetos,
conforme Claudineia, foram propostos pelo poder público, no entanto sem
muito sucesso, o que motivou uma representação no Ministério Público
contra a Prefeitura, em 2006.
“Sem dúvida a lentidão do poder público foi a
principal, mas a falta de conscientização ambiental dos moradores não
ajudou”, acrescentou.
O processo de conscientização foi gradual,
conforme aumentava o número de envolvidos nos projetos. As atividades
esportivas passaram a ser destaque quando se deu início às corridas e
caminhadas. Marli Santos, professora de educação física, considerada a
pioneira na luta por melhorias, idealizou os projetos e passou a liderar
os desportos.
“O projeto iniciou tímido, com poucas
pessoas, mas foi fundamental para atrair o público para a causa”,
relatou Marli. As corridas passaram a ser um pretexto para que as
pessoas cuidassem do espaço, despertando a desejada conscientização
ambiental. O espaço passou a ser chamado Parque Ecológico Jardim do
Lago, e além desse reconhecimento, ganhou destaque em referência de
preservação ambiental.
“Cuido de um paraíso e ainda sou paga para
isso”, compartilha a auxiliar geral Rosemery Silva, que trabalha no
local desde que a secretaria de Meio Ambiente de Limeira mobilizou uma
equipe para manter o espaço, há dois anos. Mery, como é chamada, mora em
um bairro na região e disse que o que antes era depósito para móveis
usados, agora serve de habitat para aves e outros animais. “Um caso perdido que hoje é um pedacinho do céu”, exclama.
Fonte: Multimídia UNIMEP (aqui)
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