Obama tem muito a aprender com Lula sobre Senado
Obama respondeu à noite a um telefone que recebera do Planalto pela manhã. Lula foi direto ao ponto:
– E esse terremoto, heim?
– Pois é. Estou desolado.
– Calma, a gente dá um jeito.
– O estrago foi grande!
– Sim, mas...
– Perdi o Senado.
– Senado? Eu tô falando do Haiti!
– Sorry, sorry.
– O que houve no seu Senado?
– Um terremoto.
– Aí também?
– Yes, yes. Perdemos a maioria. Ted Kennedy morreu, você sabe...
– Sim, e daí?
– Ele era democrata devotado, voto nosso. Mas teve nova eleição. Perdemos. Ganhou o Scott Brown.
– Sei, sei...
– Republicano. Um oposicionista amalucado.
– Sei, uma espécie de Agripino Maia.
– Heim?
– Agripino, um democrata aqui do Brasil.
– Democrata? No Brasil?
– Exato. Também temos os nossos democratas. Só que aqui eles são republicanos. Conservadores. Entende?
– What?, diz Obama ao intérprete, imaginando-se vítima de má tradução.
– Esquece, esquece. Coisa do Brasil. Você ia dizendo...
– Te invejo. Você é que é feliz. Crise superada. Sindicatos amigos. Um Congresso que ajuda o governo. E eu aqui, às voltas com o caos...
– Também não é assim, companheiro. Não exagera. Cadê aquele Obama do ‘Yes, we can’?
– Evaporou. Agora é ‘sim, nós fazemos o que podemos'. Você não tá entendendo. Perdi a maioria no Senado.
– Bobagem. Eu lido com isso desde 2003.
– Não vou conseguir aprovar mais nada.
– Com jeitinho acaba aprovando.
– Até meus aliados me encostam a faca no peito.
– Hum, hum...
– Para votar a favor da reforma da Saúde, a senadora Mary Landrieu, gente nossa, exigiu a liberação de U$ 300 milhões para a Louisiana, o Estado dela.
– Sei bem como isso funciona.
– Sabe?
– Claro. É o velho toma-lá-dá-cá.
– What?, Obama reclama, de novo, com o intérprete, que esclarece: “Take-there-and-give-here”.
– A nossa Mary se chama Renan Calheiros.
– Ruenan?
– Às vezes muda de nome. Sarney, Jucá... Pra facilitar, eu chamo todo mundo pelo apelido: Bancada do PMDB.
– Não se comparam à nossa Mary Landrieu.
– Você não conhece a bancada do PMDB...
– O que devo fazer?
– Faz o seguinte: quando lhe pedirem dinheiro, você manda aprovar as emendas. Depois, segura. Não libera a verba.
– E funciona?
– Às vezes dá problema. Aí você entrega meia dúzia de cargos.
– O eleitor americano não vai entender.
– Você convoca uma entrevista e diz que precisa assegurar a governabilidade.
– Assegurar o quê?
– Anota aí: go-ver-na-bi-li-da-de.
– Será que basta?
– Talvez não. Convém você copiar a nossa medida provisória.
– Mas nós aqui precisamos de medidas permanentes.
– Sim, exatamente. As nossas medidas provisórias são permanentes.
– Heim?
– Te explico melhor pessoalmente, na reunião do G8.
– Isso dá certo?
– Já me rendeu mais de 80% de popularidade.
– Você é o cara!
Fonte: Blog do Josias.
Obama respondeu à noite a um telefone que recebera do Planalto pela manhã. Lula foi direto ao ponto:
– E esse terremoto, heim?
– Pois é. Estou desolado.
– Calma, a gente dá um jeito.
– O estrago foi grande!
– Sim, mas...
– Perdi o Senado.
– Senado? Eu tô falando do Haiti!
– Sorry, sorry.
– O que houve no seu Senado?
– Um terremoto.
– Aí também?
– Yes, yes. Perdemos a maioria. Ted Kennedy morreu, você sabe...
– Sim, e daí?
– Ele era democrata devotado, voto nosso. Mas teve nova eleição. Perdemos. Ganhou o Scott Brown.
– Sei, sei...
– Republicano. Um oposicionista amalucado.
– Sei, uma espécie de Agripino Maia.
– Heim?
– Agripino, um democrata aqui do Brasil.
– Democrata? No Brasil?
– Exato. Também temos os nossos democratas. Só que aqui eles são republicanos. Conservadores. Entende?
– What?, diz Obama ao intérprete, imaginando-se vítima de má tradução.
– Esquece, esquece. Coisa do Brasil. Você ia dizendo...
– Te invejo. Você é que é feliz. Crise superada. Sindicatos amigos. Um Congresso que ajuda o governo. E eu aqui, às voltas com o caos...
– Também não é assim, companheiro. Não exagera. Cadê aquele Obama do ‘Yes, we can’?
– Evaporou. Agora é ‘sim, nós fazemos o que podemos'. Você não tá entendendo. Perdi a maioria no Senado.
– Bobagem. Eu lido com isso desde 2003.
– Não vou conseguir aprovar mais nada.
– Com jeitinho acaba aprovando.
– Até meus aliados me encostam a faca no peito.
– Hum, hum...
– Para votar a favor da reforma da Saúde, a senadora Mary Landrieu, gente nossa, exigiu a liberação de U$ 300 milhões para a Louisiana, o Estado dela.
– Sei bem como isso funciona.
– Sabe?
– Claro. É o velho toma-lá-dá-cá.
– What?, Obama reclama, de novo, com o intérprete, que esclarece: “Take-there-and-give-here”.
– A nossa Mary se chama Renan Calheiros.
– Ruenan?
– Às vezes muda de nome. Sarney, Jucá... Pra facilitar, eu chamo todo mundo pelo apelido: Bancada do PMDB.
– Não se comparam à nossa Mary Landrieu.
– Você não conhece a bancada do PMDB...
– O que devo fazer?
– Faz o seguinte: quando lhe pedirem dinheiro, você manda aprovar as emendas. Depois, segura. Não libera a verba.
– E funciona?
– Às vezes dá problema. Aí você entrega meia dúzia de cargos.
– O eleitor americano não vai entender.
– Você convoca uma entrevista e diz que precisa assegurar a governabilidade.
– Assegurar o quê?
– Anota aí: go-ver-na-bi-li-da-de.
– Será que basta?
– Talvez não. Convém você copiar a nossa medida provisória.
– Mas nós aqui precisamos de medidas permanentes.
– Sim, exatamente. As nossas medidas provisórias são permanentes.
– Heim?
– Te explico melhor pessoalmente, na reunião do G8.
– Isso dá certo?
– Já me rendeu mais de 80% de popularidade.
– Você é o cara!
Fonte: Blog do Josias.
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