sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Horta Educativa contemplará alunos do projeto Escola em Tempo Integral


Os alunos que integram o projeto Mais Educação (Escola em Tempo Integral) da educação infantil e do ensino fundamental da Emeief Professora Maria Madalena Vasconcellos da Silva foram contemplados com o projeto Horta Educativa. A iniciativa tem o objetivo de fortalecer o trabalho social educacional voltado à formação de valores sociais, culturais e alimentares das crianças de 4 a 8 anos. O lançamento da horta na unidade ocorreu na última sexta-feira, 14 de agosto.

  
A Horta Educativa é um projeto idealizado pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo e coordenado pelo Fundo Social de Solidariedade de Limeira. O evento contou com a participação da primeira-dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Deise Hadich, que agradeceu o empenho de toda a equipe do projeto e falou aos pais e alunos sobre a importância dele na formação das crianças.
  
“A proposta da horta é trazer a possibilidade de podermos mudar nossos hábitos no sentido de darmos mais valor às nossas plantas e alimentos. A cartilha entregue aos alunos também servirá aos pais que devem trabalhar o projeto em casa com os filhos. Desejo que a horta de vocês fique muito verde e proporcione muitas colheitas”, destacou a Deise.
  
A secretária de educação, Adriana Ijano Motta, falou com os alunos sobre a importância do projeto, além dos resultados positivos que o projeto proporcionará a cada um deles. “Quero agradecer a todos por essa iniciativa. O projeto é uma grande possibilidade dos alunos conhecerem de perto uma horta. Espero que vocês gostem das aulas, além disso, espero que cada um possa olhar, plantar e cuidar de seu canteiro”, frisou a secretária.
  
A diretora da unidade, Carla Kalid, falou a todos sobre o sonho de receber o projeto e alegria de poder desenvolvê-lo com os alunos. “Desde 2012 temos a intenção de realizar este projeto. Estamos muito felizes em poder contribuir com as crianças na conscientização de adquirir o hábito pela alimentação saudável”, informou.
  
Ao final do lançamento do projeto, as professoras da Secretaria de Educação apresentaram uma peça teatral infantil que abordou a importância da alimentação saudável. Além do Ceprosom, o projeto envolve as secretarias de Educação, Saúde e de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente.

Fonte: Prefeitura de Limeira (aqui)

Estudantes de Limeira realizam plantio de pau-brasil


Alunos do 4º ano da escola municipal Professora Jamile Caram de Souza Dias realizaram nesta tarde, 19 de agosto, o plantio de pau-brasil, em uma área verde dentro da escola. A ação das secretarias de Educação e de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente faz parte do projeto de Educação Ambiental do Município, e tem o objetivo de conscientizar e preservar a espécie nativa que corre risco de extinção, por meio de ações conscientes dos alunos.


O diretor de educação ambiental, Tiago Georgette, explicou que esse projeto de plantio de árvores pau-brasil é o primeiro a receber os recursos advindo do Fundo Municipal de Defesa do Meio Ambiente – Fundema. “O Fundema é um recurso adquirido através da multas ambientais pagas por quem cometeu algum crime ambiental, como por exemplo: desperdício de água, poda irregular de árvores e descartes irregulares”, informou Tiago.

Ainda de acordo com Tiago, esse foi o início do projeto que visa realizar o plantio de pau-brasil em todas as escolas municipais que possuem espaço suficiente para o crescimento adequado da espécie. “A lei do Fundema estabelece que 20% da arrecadação do recurso sejam destinados para a Educação Ambiental”, destacou.

Os recursos do Fundema também serão utilizados para fins pedagógicos destinados ao ensino de história, ciências e geografia. “Conforme a tese de historiadores, o pau-brasil deu origem ao nome do nosso país, por isso, os recursos também devem ser utilizados com finalidade pedagógica”, explicou a coordenadora de história da Secretaria de Educação, Ana Paula Beck Zacharias.

Fonte: Prefeitura de Limeira (aqui)

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Limeira tem maior reserva de água bruta após alteamento da represa Salto do Lobo


O aumento da capacidade de reserva de água bruta na Represa Salto do Lobo, em Limeira, foi anunciada pelo prefeito Paulo Hadich, durante uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 24 de agosto. A capacidade de armazenamento subiu de 1,4 milhão de metros cúbicos de água para 1,7 milhão de metros cúbicos, graças à construção de um barramento na represa, de 63 centímetros de altura.

 
 
A reserva de água do Salto do Lobo é considerada estratégica para a cidade, pois funciona como um estoque de água alternativo às duas fontes de abastecimento da cidade, o Ribeirão Pinhal e o Rio Jaguari. No ano passado, por exemplo, essa represa abasteceu Limeira por 21 dias, durante o período de estiagem.
 
 
“Com a construção do alteamento, a represa aumentou em 20 dias a capacidade de abastecimento da cidade, totalizando agora 60 dias, dentro de uma situação de economia. O momento é de inteira normalidade, mas temos de estar preparados”, afirmou Hadich.
 
 
Apesar da falta de chuvas, atualmente 100% da água que abastece Limeira é captada do Ribeirão Pinhal. Financiada pela Odebrecht Ambiental, a construção do barramento foi orçada em R$ 100 mil. Segundo o diretor de Concessão da empresa em Limeira, Tadeu Ramos, também foram instalados equipamentos para controlar a vazão da água, pois no local funciona uma pequena usina de geração de energia elétrica, a PCH Salto do Lobo. “Essa medida será um seguro a mais para a cidade e funcionará como uma medida preventiva”, ressaltou.
 
 
Ramos também falou sobre o impacto das campanhas de redução do consumo de água, que resultaram nos últimos anos, em uma queda no consumo. “A redução do consumo é da ordem de 14%, em relação a agosto de 2013”, afirmou. As pessoas estão adotando comportamentos de economia”, disse.

Fonte: Prefeitura de Limeira (aqui)

Bacias de retenção pode ser a última saída para a crise hídrica nas Bacias PCJ



O Consórcio PCJ está intensificando a recomendação para que os municípios nas Bacias PCJ construam Bacias de Retenção com o objetivo de evitar problemas de drenagem e erosão na zona rural, além de serem ferramentas baratas e práticas para armazenar água de chuva e recarregar o lençol freático, bastante comprometido pela estiagem que dura quase dois anos na região.
As bacias de retenção, também conhecidas como bacias de captação ou cacimbas, podem ser construídas tanto em área urbana ou rural, sendo mais comum ao lado de estradas vicinais. A localização delas é definida tecnicamente em função do declive do terreno, da área de exposição, tipo de solo e volume de precipitação local.
Durante todo ano, porém com mais expressão no decorrer da estação chuvosa, que ocorre entre os meses de outubro a março, as bacias armazenam as águas das chuvas, que por infiltração através dos horizontes do perfil do solo vão abastecer o lençol freático, aumento o potencial dos mananciais e nascentes.
Para se ter ideia do potencial desperdiçado de reservação de água com a não implantação dessa iniciativa, pegue como exemplo um município qualquer com média de precipitação de 1.000 milímetros/ano. Se esse município possuir 500 km de estradas vicinais municipais, com largura aproximada de 10 metros, portanto, uma área de 5.000.000 de m², sem as bacias de retenção implantadas, seria desperdiçada cinco bilhões de litros de água por ano, segundo o Manual Técnico de Manejo e Conservação do Solo, volume 5, elaborado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). Nas Bacias PCJ, a média de precipitação é de 1.500 milímetros em épocas normais.
O Estado de São Paulo possui 198.964 km de estradas, dos quais desse total, 80% são vicinais, de acordo com o Departamento de Estradas de Rodagens (DER). Dados da CATI estimam para a perda de mais de 193 milhões de toneladas de solo por erosão, associados às estradas vicinais paulistas, que poderiam ser perfeitamente evitadas com a implantação das bacias de retenção.
“A construção de bacias de retenção solucionam o problema de drenagem das águas pluviais na zona rural, como também evita a erosão e deterioração das estradas vicinais. Some-se a isso o fato de podermos criar uma reserva estratégica de água, armazenando as águas das chuvas que virão no próximo período chuvoso, auxiliando dessa forma, a recarga do lençol freático”, comenta o secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz.
Desde fevereiro de 2014, com a divulgação dos 25 Mandamentos da Estiagem, o Consórcio PCJ tem sugerido aos municípios a implantação das bacias como forma de recarga das nascentes e ampliação da reserva hídrica. Lahóz ainda atenta que o momento de implantá-las é agora, para que com a chegada do período chuvoso, a partir de outubro, as bacias de retenção já possam armazenar água. “É necessário aproveitar o período seco para realizar essas obras para nos prepararmos para a estiagem de 2016, que ainda não sabemos se será de mesma ou maior intensidade que estamos passando, atualmente”, diz.
Piracicaba e Limeira tem realizado um forte trabalho nesse sentido. Cada um dos municípios possuem 250 bacias de retenção implantadas. Limeira tem buscado financiamentos por meio de linhas do governo estadual e federal, e pretende instalar até a metade de 2016 mais 150 bacias, o que vai fazer o município saltar esse número para 400.
O Consórcio PCJ tem orientado aos municípios a implantarem o máximo de bacias de retenção possível ainda neste ano para que com a vinda da época de chuvas, elas possam armazenar água para atravessarmos a estiagem de 2016.
Como sugestão de leitura e de complementar o conhecimento sobre o tema, segue anexo o Manual Técnico de Manejo e Conservação do Solo, volume 5, elaborado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). Abaixo segue links de estudos sobre o mesmo assunto.
– Manual Técnico de Manejo e Conservação do Solo e Água, Volume V: http://agua.org.br/wp-content/uploads/2015/08/manualaguasolo-v-5.compressed.pdf
– Controle de erosão em estradas rurais não pavimentadas, utilizando sistema de terraceamento com gradiente associado a bacias de captação (Dissertação de mestrado Rui Donizete Casarin, UNESP Botucatu, 2008)). Disponível em: http://www.pg.fca.unesp.br/Teses/PDFs/Arq0317.pdf
– Notas de Aulas Práticas da disciplina de Conservação do Solo e da Água (GCS 104) da Universidade Federal de Lavras, elaborada pelos Professores José Maria de Lima, Geraldo César de Oliveira e Carlos Rogério de Melo. Disponível em: http://www.dcs.ufla.br/site/_adm/upload/file/slides/matdispo/geraldo_cesar/notas_de_aula-pratica.pdf
Fonte: Consórcio PCJ (aqui)

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

DOCUMENTÁRIO PLANTADORES DE ÁGUA





Texto descritivo da página:



Este documentário vem divulgar o trabalho do Projeto Plantadores de Água, aprovado no edital 2012 do Programa Petrobras Socioambiental/Governo Federal, realizado entre agosto de 2013/agosto de 2015. O Projeto capacitou agricultores familiares no Território do Caparaó Capixaba em plantio de Água - práticas de manejo e uso do solo e da água, capazes de ampliar a quantidade e qualidade de água nas microbacias hidrográficas -, através da implantação de oito Unidades Participativas de Experimentação em Plantio de Água ( UPEPA ), propriedades rurais utilizadas como espaço de teste e de trocas de experiência entre os agricultores do Município de Alegre-ES, inserido na Bacia Hidrográfica do Rio Itapemirim.

Foram envolvidos mais de cinco mil pessoas em ações de educação ambiental formal e não formal, com recuperação de 14 nascentes, isolamento de 15 hectares de Área de Preservação Permanente- APP; plantio de 10 mil mudas de espécies nativas e frutíferas e distribuição de 3 mil mudas; abertura de 230 caixas secas\cheias e 160 terraços de contenção possibilitando a captação e infiltração de aproximadamente 26 milhões de litros de água de chuva; construção de 14 fossas sépticas com reutilização de 225 mil litros de água para a produção de biofertilizantes usados na adubação orgânica de lavouras, pomares e pastagens.



Meus comentários:

O documentário é muito importante no processo de fortalecimento e empoderamento de comunidades de agricultores e agricultoras familiares que conhecendo a importância da preservação da água e os seus impactos negativos causados no meio ambiente, que mesmo assim não conseguem garantir a sua necessidade financeira, juntam-se e recriam o espaço de convívio comunitário e trabalho no campo diminuindo sobremaneira os impactos negativos causados na natureza local.

Eles reaprendem como fazer o bom uso da área preservando as áreas de preservação permanente, retirando o gado, culturas agrícolas e estradas rurais dessas áreas propiciando que a mata se regenere, criando mecanismos de controle de poluição como caixas secas (cacimbas) para infiltração da água, construção de curvas de níveis e terraços para controle da erosão pluvial e construção de fossas sépticas para tratamento do esgoto gerado nas casas.

Interessante o uso do copo d'água como símbolo da produção de água, já que todos os agricultores seguram um copo de água durante os relatos (os técnicos não usam) e ao final utilizam esta água para regar uma planta.

Este projeto tem como lema "O futuro se planta hoje!". Bela forma de mostrar para a comunidade que a demanda de uma nova racionalidade sustentável deve começar já e não esperar uma nova geração a ser formada neste processo. As novas gerações devem sim serem trabalhadas, mas não se deve esperar apenas dela a responsabilidade de mudar o que está errado.

O projeto foi financiado pela PETROBRAS Socioambiental e teve como proponente o SITRUA - Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alegre, ES.

Mais informações podem ser acessadas pelo site www.plantadoresdeagua.com.br 

Fonte: Youtube (aqui)

domingo, 1 de março de 2015

Conhecendo o Solo - Programa Solo na Escola







Descrição do Vídeo:

Vídeo produzido pela TV Paulo Freire em colaboração com o Programa Solo na Escola/UFPR. Procura estimular o aluno e o professor do ensino fundamental e médio a estudar este componente ambiental. São abordados aspectos como a formação, composição e perfil do solo. Este material não pretende esgotar o tema, mas pode servir como uma ferramenta de estímulo para iniciar este conteúdo na educação básica. Saiba mais sobre o Programa Solo na Escola/UFPR nos links:
http://www.escola.agrarias.ufpr.br
http://www.facebook.com/solonaescola


sábado, 10 de janeiro de 2015

Árvores da vida




EUGÊNIO BUCCI - O ESTADO DE S. PAULO

Por que não falamos delas como seres vivos, com ‘biografias’, em vez de coisas, objetos dos quais o urbanismo lança mão?

Felipe Rau/ESTADÃO

A expressão rajada de vento é brisa perto do que aconteceu. “Eu saí da guarita e fiquei assim encostado no muro, ó”, contou Miro, o vigia noturno, mostrando como se abrigou. “Parecia que a casinha ia voar comigo lá dentro.” Graças ao paredão resistente, a sibipiruna não o alcançou quando veio dar no asfalto, arrancando os fios de alta tensão. Naquele instante, a escuridão se fez num estampido. Relâmpagos se levantavam dos bueiros. A chuva girava no espaço, indo de baixo para cima e de cima para baixo com a mesma selvageria. A lei da gravidade caiu junto com a energia elétrica. A tempestade fazia o calçamento tremer.
Passava da meia-noite de domingo. A segunda-feira, dia 29 de dezembro, apenas começava e 2014 se esvaiu de vez num temporal apocalíptico. O ano se foi antes do combinado. Eu estava com a televisão ligada, olhando e-mails no celular, quando os raios enlouqueceram, o toldo na varanda se estufou numa explosão e as luzes se apagaram. Ouvi um baque surdo, prolongado e sufocante. Depois, com uma lanterna na mão, vi as folhas e os galhos pesados, inertes sobre o canteiro rente à minha sala. O pau-ferro que eu tinha no quintal, de 20 metros de altura, tombara em combate. Goteiras afloraram no teto.
Aquele pau-ferro era uma entidade especial. Tinha sido transplantado por minha família em 1994, quando já não era tão miúdo, tinha lá seus dois metros. Cresceu rápido, impulsionado pelo estatuto de vegetal de estimação, mas dizer isso é dizer pouco. Ele não era um item decorativo, um acessório do que chamam de “projeto paisagístico”. Era um ser dotado de personalidade, sem exagero. Crescera um pouco inclinado, para fugir da sombra de uma árvore mais antiga. Às vezes, ficava triste e se despia das folhinhas miúdas que iam entupir a calha. Uma vez, precisou de uma dose de vitaminas agrícolas, por assim dizer. Nas manhãs de setembro, acolhia maritacas barulhentas, democrático como um ponto de ônibus. Além disso, passava recados o tempo todo, sobre os sinais do tempo e sobre a qualidade da terra. Passava também outros recados, mas esses eu não conto nada porque vão parecer coisa de gente supersticiosa. Quando as nuvens encrespavam, protegia a casa das ventanias e, nas tardes de verão, quebrava o calor. As cascas que dele se desprendiam eram boas de quebrar com a mão e cheirar. Era - outra vez sem exagero - parte da família, um pilar vivo para uma casa além da casa que construímos ao longo dos anos. Quando o vi caído, vencido, percebi que um pedaço da minha vida tinha se acabado para sempre.
Então, saí para olhar a rua. A água tinha empoçado, cobrindo a sarjeta, pois as bocas de lobo tinham sido tapadas por árvores e ramagens caídas. A vizinhança de pijama circulava com o auxilio de pequenos faroletes, como diria meu pai. Em todas as calçadas, todas por onde pude trafegar, encontrei raízes arrancadas do chão. Troncos pendiam das casas sobre a calçada. Outros se projetavam das calçadas sobre muros e telhados. O trânsito se inviabilizara. Algumas copas tinham sido torcidas no alto, a gente via com os faroletes, como se tivessem sido enfiadas de cabeça para baixo dentro de um liquidificador. Caminhando na madrugada, eu me senti numa cena de cinema-catástrofe - aqui, sim, com um certo exagero, mas você há de me compreender.
Na manhã seguinte o sol se abriu. Trocamos umas boas dezenas de telhas quebradas. Procuramos os bombeiros para saber como remover os restos mortais do pau-ferro. Disseram que procurássemos a Prefeitura. No final da manhã tive uma visão redentora. Bem na frente de casa passou um carro da subprefeitura, embora quase todas as ruas estivessem interditadas. Fiz sinais para ele, abanando os braços, como um náufrago que acena para o avião que sobrevoa a ilha deserta. Ele parou. Um sujeito simpático, que se identificou como agrônomo do município, desceu da viatura e foi ver a situação no meu quintal. Fotografou com seu celular a minha árvore desmoronada, sugeriu que eu procurasse o corpo de bombeiros e se foi.

MARTHA DALLARI BUCCI

Por sorte, um bom jardineiro com motosserra nos ajudou a desentulhar meu quintal e o terreno da casa ao lado. A motosserra gritava enquanto fatiava sem a menor cerimônia, sem o mais efêmero ritual, o caule, os ramos e a majestade da minha árvore caída. A cena se repetia em outros quintais, em casas como a minha, desplugadas do poder público, sem sinal de telefone e sem tomada que funcionasse. O quadro geral foi bastante sério. A área em que moro ficaria sem luz elétrica por 60 horas seguidas.
Na madrugada do dia 29 de janeiro, eu saberia quase instantaneamente pelo celular, São Paulo tinha sido atingida por trombas d’água implacáveis, em vários pontos. O Ibirapuera foi fechado. As ventanias tinham chegado a velocidades inacreditáveis. Falaram em 90, 100 quilômetros por hora. Centenas de milhares de paulistanos estavam sem energia, diziam nas emissoras de rádio. A contabilidade dos estragos se avolumava. Oitenta e nove árvores caídas, os sites começavam a contabilizar; 160 árvores; 324 árvores caídas. Dois ou três dias depois, alguém falou em 600. Foram tantas que, pelo menos até quarta-feira passada, muitas permaneciam amontoadas no meio fio, à espera dos caminhões públicos que dessem conta de recolhê-las. Jaziam insepultas, como lixo, atrapalhando o tráfego.
Penso nelas agora, em cada uma delas, como pensei e penso na minha. Penso na história delas, suas “biografias”, nas marcas que guardavam na pele, nos ninhos de pássaros que suportaram, nos cupins e parasitas que alimentaram. Penso nelas como se quisesse rezar por elas e, nesta hora, penso no bloqueio que nos impede de falar de uma árvore como um ser vivo. Normalmente a gente fala de uma árvore como uma coisa, não como um objeto do qual o urbanismo lança mão, como um recurso para refrescar a urbe, para enfeitá-la. Ando devagar pelo meu bairro, bem perto da USP, por onde caminho tantas vezes. Olho os galhos esquartejados sobre o passeio público e me sinto diante de um morticínio.
Fico de luto, mas meu luto parece um luto sem objeto. Como fazer o funeral da minha árvore? O corpo que ela tinha se despedaçou. Parte foi vendida a uma pizzaria, imagino. Virou lenha. Pelo menos foi reciclada. O corpo imponente se desgrenhou, foi desfiado, como num desmanche de automóveis roubados. Não restou o que eu pudesse velar. Não restou nada a não ser um toco de tronco na grama, com suas raízes enterradas. 
Eu me penso então na destruição semeada pelas ventanias e só me resta emudecer. Assisto passivo às equipes do poder público retirando tardiamente a “sujeirada” que ficou, a sujeirada a que foram reduzidos os gigantes vegetais que faleceram. Eu os vejo arrastando tocos e folhagens sem a menor cerimônia e penso que é assim mesmo que tem que ser. Eu me lembro das pessoas que morrem sob a queda de uma sibipiruna. Mais ainda, eu me lembro dos meus concidadãos que sofrem, que passam frio, que convivem com alagamentos dentro do lar e não têm água limpa na torneira. Sinto que o impulso de reverenciar o pau-ferro que morreu é uma frescura de classe média e um esgar de vergonha vem me sacudir o pensamento, mas nem isso debela o incômodo do meu luto sem objeto. Continua comigo uma aspiração difusa de prestar uma homenagem fúnebre ao ser estimado que morreu no meu gramado. Tento me informar sobre as religiões que têm suas plantas sagradas. Tento entender, inutilmente. Meu sentimento de perda não tem como ser simbolizado. Assim, não pode ser traduzido, não pode ser comunicado. Resta-me o mudo pesar.
Aí, como todo mundo que experimenta uma contrariedade e não tem mais a quem recorrer, começo então a pôr a culpa na imprensa. Sou tomado pela ideia de que o jornalismo falhou e que os jornalistas traíram seu compromisso com os paulistanos ao não contar a história das árvores que tombaram em serviço. Faltou aos nossos jornais um olhar menos primitivo, menos instrumental. “Quem” eram as árvores que morreram? Imagino então que algumas delas bem que mereceriam um bom obituário, com fotos de sua “juventude” recuperadas e publicadas com destaque. Em torno de uma árvore quando jovem o leitor veria uma cidade de outra era, com outras ambições e outros medos. Saberíamos um pouco mais da nossa história se prestássemos mais atenção na história das nossas árvores.
Ao leitor que me seguiu até aqui, entre paciente e incrédulo, devo assegurar que não, não fui abatido por uma ecorressaca depois de atravessar um réveillon às escuras. Perdi um pau-ferro, é verdade, mas não perdi o juízo. Bem sei que as árvores não têm direito a um serviço funerário, não têm sepultura e não têm epitáfio. Mesmo assim eu pergunto: por que uma árvore não poderia ter seu obituário? Fico às voltas com essa interrogação, mas ela não me desvenda o que há de luz no reino vegetal. Acho que me rendo. Ou não. Com as árvores que morreram, com as centenas de árvores que morreram nesta cidade, tenho certeza, morreram histórias que poderiam comover leitores e nos informar sobre quem somos e sobre quem ainda não somos. A nossa indiferença em relação à morte desses gigantes talvez explique a ligeireza com que desmatamos florestas e o desprezo que dedicamos aos seres que nos permitem respirar.
O meu pau-ferro morreu sem nunca ter tido um nome próprio.
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EUGÊNIO BUCCI É JORNALISTA, PROFESSOR DA ECA-USP E DA ESPM, E AUTOR, ENTRE OUTROS LIVROS, DE A IMPRENSA E O DEVER DA LIBERDADE (CONTEXTO)

Fonte: Estadão (aqui)

MEUS COMENTÁRIOS:

Belo o texto do professor Eugênio Bucci. Ele conseguiu ver a árvore como um ser vivo que nos fornece recursos importantes, que infelizmente, poucos vêem.

Nessa hora, normalmente, só vemos pessoas reclamando porque elas não foram retiradas antes. Se dermos ouvidos nestas horas, não deixamos uma única árvore em pé.

Há que se melhorar muito ainda na questão da arborização urbana.