segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Conferência Nacional do Meio Ambiente pede fim dos lixões

Entenda nesta imagem como que funciona um Aterro Sanitário:



Acabar com os lixões até 2014 e aumentar percentual de reciclagem é uma das principais metas da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente


O Brasil tem 2.906 lixões em atividade e das 189 mil toneladas de resíduos sólidos produzidas por dia apenas 1,4% é reciclado

Brasília - O Brasil tem 2.906 lixões em atividade e das 189 mil toneladas de resíduos sólidos produzidas por dia apenas 1,4% é reciclado. Mudar esse quadro –  acabando com os lixões até 2014 e aumentando o percentual de reciclagem – é uma das principais metas da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente, que este ano vai discutir a geração e o tratamento dos resíduos sólidos. O evento ocorre em Brasília, de 24 a 27 de outubro.

O tema ganhou relevância após a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.305, de 2010, que determina que todos os municípios tenham um plano de gestão de resíduos sólidos para ter acesso a recursos financeiros do governo federal e investimento no setor.

Os 1.352 delegados debaterão a PNRS com base nas propostas apresentadas nas 26 etapas estaduais e na etapa distrital e nas 643 conferências municipais e 179 regionais que mobilizaram 3.602 cidades e 200 mil pessoas. A conferência terá quatro eixos temáticos: produção e consumo sustentáveis, redução dos impactos ambientais, geração de emprego e renda e educação ambiental.

Na etapa nacional, será produzido um documento com 60 ações prioritárias, sendo 15 por eixo. “O governo vai deter sua atenção nessas ações demandadas pela conferência para implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos,” disse o diretor de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Geraldo Abreu. Esses resultados constarão na carta de responsabilidade compartilhada da 4ª CNMA.

Pela Lei 12.305, após 2014 o Brasil não poderá mais ter lixões, que serão substituídos pelos aterros sanitários. Além disso, os resíduos recicláveis não poderão ser enviados para os aterros sanitários e os municípios que desrespeitarem a norma podem ser multados.

O desafio é grande: existem quase 3 mil lixões no Brasil para serem fechados no prazo fixado na PNRS, apenas 27% das cidades brasileiras têm aterros sanitários e somente 14% dos municípios brasileiros fazem coleta seletiva do lixo. “Precisamos transformar os resíduos em matéria-prima para que o meio ambiente não seja tão pressionado. Perdemos potencial econômico com a não reutilização dos produtos”, explicou Abreu. Segundo o MMA, se os resíduos forem reaproveitados podem valer cerca de R$ 8 bilhões por ano.

“A gestão de resíduos sólidos, até a publicação da lei, se deu de forma muito desordenada, trazendo uma série de prejuízos à população. Vimos proliferar lixões por todo o Brasil, com desperdício de recursos naturais que, pela ausência de um processo de reciclagem, acabam indo para esses locais inadequados”, disse Abreu.

A conferência vai discutir, entre outras medidas, o fortalecimento da organização dos catadores de material reciclável por meio de incentivos à criação de cooperativas, da ampliação da coleta seletiva, do fomento ao consumo consciente e da intensificação da logística reversa, que obriga as empresas a fazer a coleta e dar uma destinação final ambientalmente adequada dos produtos.


Fonte: Exame (aqui)

Choque de periferia

O contato com os pobres foi aos poucos transformando Bergoglio e suas opções, diz autor de livro sobre o papa

José Maria Mayrink - O Estado de S. Paulo

Do papa Francisco só se deve esperar surpresas, adverte Francesco Strazzari, de 69 anos, pároco da pequena Sovizzo, localizada nas montanhas vizinhas de Vicenza, no norte da Itália. Strazzari acredita que, após a criação do Conselho de Cardeais para ajudá-lo a governar a Igreja, Francisco tomará medidas radicais e inovadoras, apesar da resistência indisfarçável de parte da Cúria Romana, "a lepra do papado", como ele afirmou numa entrevista ao jornal La Repubblica, divulgada na semana passada. Funcionários eclesiásticos do Vaticano que não reconhecem o "cheiro das ovelhas" serão devolvidos às suas dioceses de origem ou às congregações religiosas.

Francisco poderá permitir o diaconato para as mulheres e a ordenação sacerdotal de homens casados. Na visão de Strazzari, no entanto, o papa não mudará a doutrina clássica da Igreja com relação ao aborto, embora olhe com compaixão a pessoa que aborta. Autor do livro Na Argentina para Conhecer o Papa Bergoglio, a ser lançado nas próximas semanas, com apresentação do brasileiro José Oscar Beozzo, o historiador, teólogo e jornalista Strazzari trabalha na revista Il Regno, de Bolonha, pela qual correu boa parte do mundo para escrever dossiês sobre Vietnã, Laos, Camboja, China, Irã, Iraque e Líbano, além de países europeus no tempo do comunismo.

Na Argentina, chegou à conclusão de que não é possível ter uma imagem objetiva de Bergoglio sem inseri-lo no contexto do peronismo, da posição da hierarquia da Igreja no tempo da ditadura militar, da crise dos jesuítas argentinos e da situação econômica dos Kirchners. "Minha avaliação é que Bergoglio foi caminhando progressivamente, amadurecendo e fortalecendo a opção por uma Igreja dos pobres e para os pobres", afirma Strazzari em entrevista ao Aliás. As periferias, de que o papa Francisco tanto fala, o transformaram.

Quais as principais marcas desses sete primeiros meses do pontificado de Francisco?

Acredito que as características principais do papa argentino podem se resumir numa palavra: estilo. Se, como dizia em 1753 o escritor francês Buffon, o estilo é o homem, pode-se captar de seu estilo quem é o papa Francisco. Ele não é filósofo nem teólogo no sentido estrito, mas um pastoralista que carrega no coração a aventura humana nas suas múltiplas periferias. É um bispo da grande Igreja que tem solicitude por todas as igrejas. É um apóstolo, segundo as cartas de Paulo a Timóteo. E é um papa que enfim rompe com os esquemas tradicionais e tradicionalistas que tinham feito do ofício petrino uma função anacrônica e incapaz de respirar a plenos pulmões.

A pregação de uma Igreja pobre para os pobres está conquistando adeptos na hierarquia?

Pela conversa que tive com pessoas próximas dele, o papa Francisco tem duas palavras-chave: Jesus Cristo e os pobres. Tudo gira em torno dessa sua preocupação, que por sinal é a opção dos jesuítas, a partir do grande e mítico Arrupe, o superior geral dos jesuítas nos anos 1980 que enfrentou não poucas dificuldades até da parte do papa João Paulo II, que lhe impôs a destituição, perturbando toda a Companhia de Jesus. E essas duas palavras-chave remetem de imediato ao povo. Basta ver sua opção: não à residência renascentista no Palácio Pontifício. Mas não somente isso.

Mas como a Cúria Romana, "a lepra do papado", vai reagir às críticas e investidas de Francisco? Os poderosos do Vaticano tentarão barrar a ação do papa?


Que parte da Cúria Roma não gosta do estilo do papa Francisco salta aos olhos de todos. As resistências estão na ordem do dia. Os ataques, às vezes dissimulados, de prelados são confiados a determinados órgãos de imprensa que, nestes últimos tempos, se tornaram mais frequentes. Talvez também porque o papa Francisco dialogue e fale a jornais leigos como o La Repubblica, no qual seu fundador, Eugenio Scalfari, ateu declarado, lhe deu o espaço de três páginas em plena crise política italiana, relegando essa, por assim dizer, a segundo plano. Que muitos na Cúria pensem estar com dos dias contados é uma coisa que se diz e se constata. Há muitos "empregados" eclesiásticos no Vaticano que não sabem o que é o cheiro das ovelhas. Serão devolvidos às dioceses de origem ou às congregações e institutos religiosos.

O Conselho de Cardeais tende a ser um conselho fixo?

Sim, acho que um dos projetos do papa é fazer do Conselho de Cardeais (G8) um espécie de Conselho permanente, que teve sua origem nos votos expressos dos cardeais reunidos no conclave. O papa Francisco precisa dele, neste momento, para enfrentar os muitos problemas da Igreja que se acumularam nos últimos anos. Existem outros organismos (sínodo, congregações, conselhos pontifícios, conferências episcopais) com os quais o Conselho de Cardeais deverá estar em estreito contato.

É possível prever quais serão os próximos passos desse papa tão surpreendente?

Do papa Francisco só se deve esperar surpresas. Chamamos de surpresas porque, no passado recente, estávamos habituados a certa monotonia.

Homens e mulheres divorciados que tornaram a casar poderão ter mais acolhida na Igreja e acesso aos sacramentos, particularmente à eucaristia?


Creio que o papa Francisco retomará algumas colocações de bispos, teólogos e pastoralistas que, no passado, desafiando as iras da Congregação para a Doutrina da Fé, haviam chamado atenção dos fiéis e alimentado esperanças. Refiro-me em particular ao documento dos bispos do Reno (os grandes teólogos bispos Lehmann, Kasper, Seier), que apontava um caminho corajoso, doutrinariamente correto, para enfrentar o problema. O então prefeito da Congregação, cardeal Ratzinger, estigmatizou o documento com dureza e ironia. Voltou a circular também o estudo do grande teólogo moral B. Haring, que muito sofreu da parte da Congregação romana. Estão aparecendo outras publicações que convidam a hierarquia a enfrentar o problema com carinho e misericórdia.

Pode-se esperar a ordenação de homens casados para o ministério sacerdotal?

Certamente sim. O problema está debaixo do tapete há muitos anos. Foi posto em evidência a partir dos anos 1980 por cardeais como Pellegrino, de Turim; Konig, de Viena; Alfrink, de Utrecht; Hume, de Londres; Lorscheider, de Fortaleza; Martini, de Milão. Para não falar de teólogos do calibre de Rahner, Congar, Schillebeeckx. Perdeu-se muito tempo discutindo sobre viri probati (homens tirados da comunidade para receber a ordenação presbiteral) e esquecendo-se, como observa o ex-mestre geral dos dominicanos Timothy Radcliffe, que o ponto de partida é o batismo, não a ordem sacra.

Uma maior participação da mulher na Igreja inclui a discussão da ordenação?

Com relação às sacerdotisas, muitos teólogos sérios pensam que não se trata de uma questão dogmática, mas disciplinar. Então, a exclusão (das mulheres) se baseia em elementos que não têm suporte bíblico, como, aliás, se expressou uma comissão de especialistas biblistas, nos anos 1970, da qual fazia parte o jesuíta Carlo Maria Martini. É outro o discurso para as diaconisas, a favor das quais se vão multiplicando os pedidos de reintrodução. O cardeal Kasper e parte dos bispos alemães recentemente pediram isso.

Haverá avanços com relação aos ortodoxos e evangélicos? Até que ponto?


Esperamos que o papa Francisco incentive o movimento ecumênico, que está vivendo um tempo de hibernação. Ele, mestre nos gestos, intervirá para encontrar-se, a dois, sobretudo com os patriarcas das Igrejas cristãs. Esperam-se e estudam-se encontros com Bartolomeu de Constantinopla e Cirilo de Moscou.

Como o papa Francisco tratará o problema do aborto?

O aborto é com certeza uma chaga. O papa Francisco não tem intenção de ir além do ensinamento da doutrina clássica da Igreja. Mas se compadece com a pessoa que aborta. Enfrenta o drama do aborto como pastor, não como jurista. O problema/drama do aborto, sobretudo em algumas partes do mundo, é uma chaga que vai além de um indivíduo, causada por culturas e situações de degradação. É esse o motivo pelo qual o aborto, enquanto tal, não está na ribalta. Não porque seja inegociável, mas porque está inserido em contextos mais amplos.

A pobreza inclui o combate à riqueza ou sinais de riqueza no Vaticano?


A pobreza da Igreja e na Igreja é um ponto-chave de Francisco. Tem dado provas disso em meio a enormes dificuldades, metendo as mãos em instituições econômico-financeiras que certamente não foram modelo de clareza. Será um trabalho duro, que em grande parte dependerá da escolha de sagazes colaboradores. A escolha do arcebispo Parolin para secretário de Estado é uma esperança.

O senhor escreveu um livro sobre Francisco chamado Na Argentina para Conhecer o Papa Bergoglio. Por que esse enfoque local?

Parti da ideia de que não se pode ter uma imagem objetiva do papa Bergoglio se ele não for inserido na história de seu país: o peronismo, as crises dos jesuítas argentinos, a posição da hierarquia argentina no tempo da ditadura, a situação econômica com os Kirchners. Minha avaliação é que, no curso de sua história, Bergoglio foi caminhando progressivamente, amadurecendo e fortalecendo a opção por uma Igreja dos pobres e com os pobres. Um pouco como Câmara (d. Hélder) no Brasil, Samuel Ruiz no México e Romero (Oscar) em El Salvador. No primeiro período da sua vida, como provincial dos jesuítas, não era assim, como aliás ele mesmo admitiu recentemente. As periferias o transformaram.

Fonte: Estadão (aqui)

domingo, 27 de outubro de 2013

Homem usa nome de entidade para realizar evento, mas é descoberto

Um rapaz, que já cumpriu pena alternativa na entidade assistencial Gavia, usava o nome da entidade para realizar evento. Ele chegou a encaminhar ofício para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, pedindo autorização para usar as dependências do Parque Cidade para realização de um desfile, que teria arrecadação de alimentos. Ele só não contava que o diretor de Parques Ambientais da Secretaria, Tiago Valentim Georgette, é justamente o presidente do Gavia.

Tiago imediatamente identificou a má-fé e, com seu jurídico, tomou as providências necessárias. O caso foi registrado ontem no plantão policial.

Tiago esclarece que ajuda sempre é solicitada por telefone, por meio das técnicas da entidade. Porém, ele diz que a entidade está à disposição pelo 3702-6877 para que os interessados tirem todas as dúvidas sobre as atividades.

Atualmente, o Gavia atende crianças e adolescentes da periferia de Limeira, principalmente de bairros da zona sul, como Santa Eulália, Ernesto Kühl e Odécio Degan. O site é www.gavia.org.br.

Fonte: Gazeta de Limeira (aqui)